Diário de Notícias

Edson Athayde na corda bamba. PS está quase a despedi- lo

Dirigentes operaciona­is do PS reunidos quarta- feira na sede do partido criticaram fortemente os outdoors. Debaixo de fogo está o publicitár­io que faz a imagem da campanha

- J OÃO PE DRO HENRI QUES

“Sobre política não falo nada. Nada, nada, nada.”

Edson Athayde, o publicitár­io que está a trabalhar outra vez para o PS – a sua primeira campanha para os socialista­s foi em 1995, na campanha que levou António Guterres a primeiro- ministro –, recusa comentar ao DN as críticas aos cartazes que tem produzido para a campanha que pretende levar António Costa a primeiro- ministro.

Os cartazes ( foto principal) foram afixados com luz verde prévia do líder do partido – como o são todos os materiais de propaganda do PS. Mas este, segundo soube o DN de fontes da direção do partido, Costa percebeu, depois de o ver afixado, que era no mínimo de eficácia duvidosa.

Percebeu Costa e perceberam todos os dirigentes operaciona­is do PS que estão empenhados na vitória do partido e querem que os materiais de propaganda não gerem ruído. Ruído, porém, é o que não tem faltado, por exemplo, nas redes sociais. Mas não só.

Na quarta- feira passada, enquanto António Costa dava uma entrevista a um jornal nacional numa sala da sede no Largo do Rato, reuniam noutra sala, sob a direção de Ascenso Simões, diretor da campanha do PS, todos os dirigentes distritais do partido, numa reunião preparatór­ia da campanha eleitoral. A reunião durou cerca de cinco horas. Come- çou pelas três da tarde e terminou por volta das oito da noite. Costa apareceu no fim, sorridente, e rapidament­e fechou o rosto – perante um vendaval de críticas aos outdoors do PS.

Pedro Nuno Santos, presidente do PS de Aveiro e cabeça de lista pelo círculo, chegou nessa reunião a fazer um apelo para que o partido retirasse imediatame­nte os cartazes de um dia para o outro, se necessário. António Mendes, da distrital de Setúbal, disse algo de muito parecido.

Ouvidos pelo DN, os responsáve­is do PS pela campanha, Ascenso Simões, e pela imagem do partido, Porfírio Silva, não quiseram fazer comentário­s. O DN sabe, no entanto, que a prestação do publicitár­io é avaliada pelo secretário- geral como “muito negativa”. Luís Patrão, membro do secretaria­do nacional com o pelouro da Organizaçã­o do PS – e que f oi quem convidou Athayde para voltar a colaborar com o partido – vai ser encarregad­o de resolver o problema.

Edson Athayde, 49 anos, brasileiro, dirigiu a imagem vencedora da campanha do PS que levou António Guterres a primeiro- ministro em 1995. Ganhou Leões de Ouro em Cannes ( os Óscares da publicidad­e). Dirigiu as campanhas do “Tou Xim”, da Telecel, e do “Dazex do Dariz”, da Nasex, que ficaram famosas. É chefe executivo e criativo do ramo português de uma agência internacio­nal de publicidad­e, a FCB.

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Este cartaz foi a gota de água na indignação dos dirigentes do PS com a propaganda do partido

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