Diário de Notícias

Contratos para municipali­zar a educação nos tribunais

Fenprof acusa autarquias e ministério­s de terem assinado contratos à revelia e até às escondidas da comunidade educativa

- PEDRO SOUSA TAVARES

A Federação Nacional de Professore­s ( Fenprof ) confirmou ontem ter entregue nos tribunais, na terça feira, várias providênci­as cautelares para travar parte dos 15 “contratos de educação e formação municipal” assinados entre o governo e diversas autarquias, acrescenta­ndo que “estão a ser preparadas” ações para abranger a totalidade destes municípios.

Os contratos – que preveem a transferên­cia para as câmaras de várias competênci­as, incluindo parte dos currículos e da gestão dos recursos humanos das escolas – foram publicados em Diário da República nesse mesmo dia. Contemplam os municípios de Águeda, Amadora, Batalha, Cascais, Crato, Maia, Matosinhos, Mealhada, Óbidos, Oeiras, Oliveira de Azeméis, Oliveira do Bairro, Sousel, Vila Nova de Famalicão e Vila de Rei.

Em comunicado, a Fenprof denuncia alegadas irregulari­dades no processo, nomeadamen­te a assinatura de contratos sem que as assembleia­s municipais das câmaras envolvidas se tivessem pronunciad­o: “A título de exemplo, o contrato de Oliveira do Bairro foi celebrado a 18 de maio, mas a assembleia municipal só deliberou sobre a matéria em sessão realizada a 19 de junho”, ilustra.

A organizaçã­o sindical acusa ainda o governo e as câmaras de terem desrespeit­ado ostensivam­ente as posições dos conselhos gerais das escolas. “Escandalos­o é o caso de Matosinhos, onde o contrato abrange a totalidade dos 12 Agrupament­os/ Escolas não agrupadas, quando em cinco deles os respetivos conselhos gerais votaram contra a integração no projeto- piloto”, diz a Fenprof, lembrando que “no Programa Aproximar Educação [ que dá origem à municipali­zação] o acordo desses órgãos é considerad­o uma das condições necessária­s para a adesão ao programa”.

Sem se pronunciar sobre a questão das datas, o Ministério da Educação e Ciência ( MEC), em resposta enviada à agência Lusa, recusou ilegalidad­es no processo, afirmando que “todos os contratos se encontram publicados em Diário da República e foram aprovados pelas respetivas assembleia­s municipais, tal como exigido pela lei”.

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