Querido, mudei o picadeiro
Durante quase vinte anos, a Escola Portuguesa de Arte Equestre funcionou nos jardins do Palácio de Queluz. Haver ou não espetáculo dependia do tempo. A 17 de julho mudou- se para a Ajuda, para um picadeiro completamente renovado onde esta arte passa a mo
Alguns movimentos, como a levada e a curveta, são realizados pelo cavalo com a participação de dois cavaleiros nas articulações”, salienta João Pimentel, responsável pela obra que transformou completamente este antigo picadeiro do Exército
Enquanto os turistas se debatem com a porta de entrada, tentando empurrar e puxar para depois descobrirem que é só deslizar – “um dos pormenores que tem de ser tratado, colocando uma seta no sentido da direita”, indica João Pimentel –, tempo para espreitar as cavalariças, do outro lado da Calçada. Ali, no Pátio da Nora, instalações do Exército, está tudo em rebuliço apesar do trote compassado dos cinco cavalos que vão sendo exercitados no picadeiro central. “Ainda sem cobertura”, assinala o responsável. “Esse será um próximo passo”, adianta, depois do investimento de 1,150 milhões que em dez meses alterou por completo o aspeto do picadeiro e das cavalariças. E que poderá vir a ter comparticipação a fundo perdido de fundos comunitários. A candidatura está em curso.
Colocam- se arreios, escovam- se os cavalos e um deles até toma um banho de última hora. E apesar de estarem aqui apenas 25 dos 50 cavalos da escola, todos Lusitanos da Coudelaria de Alter, a agitação é grande com o ultimar de pormenores para a apresentação. A inauguração foi no dia 17, mas Teresa Abrantes, diretora da Escola desde 2012, quando a gestão passou para a Parques da Lua, já pensa na próxima etapa: “Ampliar as boxes de instalação de cavalos para não termos de estar sempre a transportar cavalos de um lado para o outro.”
Para já, é preciso ir rodando os animais entre a Ajuda e o Palácio Nacional de Queluz, onde até julho eram feitas as apresentações da Escola, e onde esta mantém a sede e metade dos animais. E para já este investimento resolveu um problema com que a Escola se debatia: a funcionar nos jardins do Palácio de Queluz desde 1996, “não dispunha de um espaço coberto nem lugares sentados suficientes para se poder apresentar nas melhores condições. Estávamos sempre dependentes das condições atmosféricas e, quando chovia, tínhamos de cancelar espetáculos. Não conseguíamos ter uma programação com previsibilidade a médio prazo. Vir para aqui resolveu essa situação, quer chova quer faça sol conseguimos fazer apresentações. E estamos perto de um polo turístico com mais pessoas do que o Palácio de Queluz”, sublinha Teresa Abrantes.
Treinos quase diários ( às 11.00, 8 euros), apresentações semanais ( às 11.30, 15 euros) e galas semanais, às sextas- feiras ( às 19.00, 25 euros) formam agora a progra- mação que vai sofrendo alguns ajustes. Por isso a diretora aconselha a consulta do site arteequestre. pt para confirmação de datas e até para aquisição de bilhetes.
De regresso ao renovado picadeiro, com uma capacidade para quase 300 pessoas e com todos os espaços públicos acessíveis a cadeiras de rodas, às 11.30 em ponto as luzes baixam e uma voz off, em português e inglês, anuncia o início do espetáculo baseado “em exercícios sobretudo de equitação clássica, com uma influência da equitação de trabalho e de toureio”, explica Teresa Abrantes.
Um espetáculo de luz, música e verdadeiros bailados, para além da execução dos chamados ares altos, exercícios que eram muito praticados nos séculos XVII e XVIII ( ver exemplos ao lado, segundo ilustrações do tratado Luz da Liberal e Nobre Arte da Cavallaria, de Manoel Carlos de Andrade). E foram estes que arrancaram mais aplausos.