Sporting e FC Porto à espera do melhor negócio para as camisolas
Leões e dragões continuam a negociar com parceiros para substituir patrocínio da PT. Luís Mergulhão, especialista em publicidade, diz que, tal como o Benfica, são clubes apetecíveis para marcas internacionais
A pouco mais de duas semanas para se iniciar a Liga, Sporting e FC Porto ainda não têm patrocinador nas respetivas camisolas. Um facto que começa a inquietar os adeptos, sobretudo tendo em conta que bem cedo o Benfica anunciou a parceria com a companhia de aviação Emirates, cujos valores apontam para um contrato de oito milhões de euros anuais, que poderá chegar aos dez milhões, consoante a equipa encarnada consiga atingir determinados objetivos desportivos.
Ao que o DN apurou, o FC Porto encontra- se em negociações com duas empresas: a Fosun, grupo chinês que comprou a Fidelidade e a ES Saúde, e uma marca internacional com capitais lusófonos. Menos informação há sobre o Sporting, que, sabe o DN, está a analisar algumas propostas, tal como o presidente Bruno de Carvalho fez questão de referir numa entrevista recente. “Estamos a negociar”, disse o líder dos leões, frisando que “o Sporting tem de saber valorizar a sua marca e não pode fechar contratos de qualquer maneira”.
Com o fim da parceria da PT com os três principais clubes do futebol português, estes tiveram de procurar novas fontes de receita, mas a demora no Dragão e em Alvalade poderia fazer pressupor que os dois emblemas estariam a sofrer os efeitos da crise no mercado publicitário. Uma ideia que Luís Mergulhão, CEO da Omnicam Media Group, desmistifica. “Os nossos clubes, nomeadamente os três grandes, são veículos muito apetecíveis para marcas globais, como tal não acho que haja qualquer motivo para preocupação”, começou por dizer ao DN.
Esta demora no anúncio dos novos patrocinadores das camisolas prende- se, segundo Luís Mergulhão, apenas com “o cuidado na análise de propostas que existem em cima da mesa”. Isto porque, “tal como disse José Mourinho, o futebol é uma atividade fora do normal” a nível económico. E esse é o mote para o CEO da Omnicam Media Group explicar que “as provas europeias, em que Sporting e FC Porto estão inseridos, difundem as marcas para todo o mundo, razão pela qual este tipo de clubes, que ainda para mais têm jogadores conhecidos em todo o mundo, sejam
Teo Gutiérrez, Nico Gaitán e Cristián Tello são três futebolistas que “vendem” a imagem dos três maiores clubes portugueses apetecíveis para as empresas comunicarem à escala planetária”. E nesse contexto, o futebol representa “um importante player no mercado global”.
O final dos patrocínios da PT para os clubes representou, pelo menos para já em relação a Sporting e FC Porto, uma quebra de re- ceitas – os dragões recebiam 3,6 milhões de euros por ano, enquanto leões encaixavam 2,8 milhões anuais –, mas Luís Mergulhão considera que foi uma ligação boa para as duas partes.
“Foi uma parceria estratégica que teve o seu timing, sobretudo quando a PT mudou a marca TMN para MEO”, referiu, considerando no entanto que FC Porto e Sporting até poderão fazer encaixes supe- riores num futuro contrato de patrocínio das camisolas, à semelhança do Benfica.
“É normal que esses valores subam, até porque os clubes são hoje grandes empresas onde a otimização da marca é fundamental, estando associada à mobilização de massas”, assumiu. Euro 2004 mudou o paradigma Certo é que para trás ficou aquele receio de alguns patrocinadores ficarem ligados a um só clube e, por isso, correrem o risco de os seus produtos não serem consumidos pelos adeptos dos rivais. “A conotação de uma marca com um clube é uma ideia ultrapassada, algo que em Portugal teve como ponto de viragem o Euro 2004, que alterou a visão que o futebol tinha como veículo publicitário”, frisou.
Além de Sporting e FC Porto, há também outros clubes portugueses, considerados de média dimensão, como o Sporting de Braga, que também procuram patrocinador para as camisolas. Um cenário que, a avaliar pela convicção de Luís Mergulhão, vai mudar.
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