Diário de Notícias

Merkel é a favorita para 2017. Tentará o quarto mandato?

56% dos alemães gostariam que líder da CDU continuass­e à frente do governo. Só 14% apostam no social- democrata Sigmar Gabriel

- HELENA T E C E DEI RO

Mais de metade dos alemães querem que a líder da CDU continue à frente do governo, onde está desde 2005. De férias nos Alpes, Merkel não confirma, mas tudo indica que vai candidatar- se.

Após a longa batalha para um acordo com a Grécia, Angela Merkel está agora de férias com o marido nos Alpes. Mas enquanto aproveita o descanso, a chanceler alemã parece estar já também a pensar no futuro. E segundo a revista Der Spiegel, deve mesmo tentar um quarto mandato em 2017. A porta- voz da União Democrata Cristã ( CDU) não confirmou a notícia, mas a popularida­de da chanceler é tal que nem o próprio SPD, atual parceiro numa grande coligação, parece duvidar da sua vitória nas próximas legislativ­as.

Merkel mantém o silêncio. E se nunca confirmou que será candidata a um quarto mandato – o que a deixaria na calha para igualar o recorde do mentor, Helmut Kohl, chanceler durante 16 anos antes de perder as eleições de 1998 –, Merkel também nunca negou a intenção de se apresentar de novo às urnas. Agora, a Der Spiegel dá conta de um encontro entre o secretário- geral da CDU, Peter Tauber, e os gestores de campanha do partido, garantindo que chanceler já começou a contratar pessoal para trabalhar com ela.

Num país onde não existe limite de mandatos para o chefe do governo, Merkel tem todas as hipóteses de voltar a ganhar, depois das vitórias em 2005, 2009 e 2013. Apesar do desgaste causado pelas negociaçõe­s com a Grécia, das divergênci­as nesse assunto com o seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, e de ter visto 50 deputados da CDU votar contra a abertura de negociaçõe­s para um terceiro resgate a Atenas, Merkel continua com a popularida­de em alta. Um estudo do Instituto Forsa para a revista Stern mostra que caso a eleição de chanceler fosse direta, 56% dos alemães votariam na atual chefe do governo. Com 61 anos acabados de fazer, esta acadé- mica doutorada em Química Quântica, criada na Alemanha de Leste e considerad­a como a mulher mais poderosa do mundo, vê a sua CDU liderar destacada todas as sonda- gens. Um estudo do instituto Infratest, datado de 30 de julho, dá aos democratas cristãos 42% das intenções de voto, contra 24% dos sociais- democratas do SPD. Os Verdes surgem em terceiro lugar com 11%, à frente do Die Linke, com 9%.

“Zig- Zag Siggi” Perante estas previsões, não espanta que o SPD esteja a pôr em causa a capacidade do seu líder, Sigmar Gabriel, para vencer Merkel em 2017. Com apenas 14% dos alemães ( segundo mesmo estudo na Stern) a dizer que o escolheria­m como chanceler, o antigo professor do liceu tem ainda de gerir uma posição delicada. É que se por um lado tem de provar que os sociais- democratas estão preparados para voltar a liderar o governo alemão, por outro é ele próprio vice- chanceler e ministro dos Assuntos Económicos e Energia na grande coligação chefiada por Merkel desde 2013. Um alto dirigente do SPD brincava mesmo recentemen­te, dizendo que se calhar nem vale a pena os sociais- democratas apresentar­em um candidato nas próximas eleições.

Discípulo do ex- chanceler Gerard Schröder, derrotado por Merkel em 2005, a Gabriel faltam o carisma e o instinto político do mestre. E se no primeiro ano no governo conseguiu impor algumas das suas políticas a Merkel – como a criação de um salário mínimo nacional na Alemanha –, nos últimos meses tem multiplica­do as gafes. Tanto que os me

dia o apelidaram de “Zig- Zag Siggi” pela forma como mudou de ideias em assuntos como as leis de proteção de dados, a energia ou o acordo de comércio livre com os EUA.

 ??  ?? Juntos na coligação de governo desde 2013, Sigmar Gabriel e Angela Merkel deverão enfrentar- se nas urnas dentro de dois anos
Juntos na coligação de governo desde 2013, Sigmar Gabriel e Angela Merkel deverão enfrentar- se nas urnas dentro de dois anos

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