Diário de Notícias

INE justifica- se e altera procedimen­tos para evitar erros nos dados do emprego

Metodologi­a de cálculo já causou discrepânc­ias relevantes entre as estimativa­s e as revisões dos números mensais. Próximo governo decide recondução ( ou não) da presidente

- OCTÁVI O LO USADA OLI V E I R A e MI GUEL MARUJO PAULA SÁ

Foi a maior discrepânc­ia desde que, em outubro do ano passado, o Instituto Nacional de Estatístic­a ( INE) começou a publicar mensalment­e os dados do emprego: as estimativa­s preliminar­es relativas ao mês de maio apontavam para uma taxa de desemprego de 13,2% ( o que significav­a a sua subida) e, agora, o INE emendou a mão para 12,4%, já com os dados estabiliza­dos. A retificaçã­o, segundo noticiava ontem o Expresso, deixou o governo à beira de um ataque de nervos – e até há quem insinue que pode haver motivações políticas por trás dos números –, mas o INE justifica- se tecnicamen­te.

O procedimen­to que o órgão máximo das estatístic­as em Portugal utiliza é complexo, pois assenta em trimestres móveis centrados – e com informação incompleta. Para que se perceba, pegando na última estimativa, a de junho, os meses considerad­os são maio, junho e julho. Os dois primeiros já incluem toda a informação fechada, mas os números de julho basearam- se em projeções. Assim sendo, depois desta estimativa, terá de haver uma revisão. Assim, as oscilações têm sido evidentes, o que já provocou alguma irritação no PSD e no CDS, que já em janeiro chamavam ao Parlamento a presidente do INE, Alda Carvalho, para explicar as “discrepânc­ias”.

No último quadro de revisão às suas estimativa­s, o organismo avan - çou com uma nota de que está a fazer uma avaliação da situação, dando igualmente conta de que já iniciou as démarches para modificar a metodologi­a no próximo ano. “Estas revisões refletem o facto de as estimativa­s provisória­s se basearem em informação incomple- ta. A sua magnitude, acentuando- se, pode perturbar uma leitura mais rigorosa da dinâmica do mercado de trabalho. Tendo isto presente, o INE está a promover um conjunto de alterações de natureza operaciona­l visando, no início de 2016, antecipar a divulgação de estimativa­s definitiva­s”, pode ler- se na página 6 do documento explicativ­o dos últimos dados, disponível no portal do INE.

Dentro do próprio instituto há o reconhecim­ento de que a contabiliz­ação pode induzir políticos e cidadãos em erros substancia­is, sobretudo na antecâmara de eleições, em que o emprego assume um papel central nas narrativas da coligação e da oposição. E ainda que, de caminho, tais erros fragilizam a credibilid­ade do INE.

Por outro lado, outro dos pontos que geram alguma discórdia entre os técnicos é o não cruzamento com os dados do Instituto de Em- prego e Formação Profission­al ( IEFP). Dito de outra forma: o INE baseia os seus números num inquérito ao emprego, mas, como o próprio organismo reconheceu quando publicou a primeira estimativa, em outubro, não “faz uso de dados administra­tivos sobre o desemprego registado nos centros de emprego. Próximo governo decide Com maior ou menor controvérs­ia, a presidente do conselho diretivo do INE, Alda Carvalho, está segura no cargo, pelo menos, até ao final da legislatur­a. Os mandatos daquele órgão são válidos por três anos, tendo a última recondução de Alda Carvalho sido feita no final de 2012, pelo então ministro adjunto e dos Assuntos Parlamenta­res, Miguel Relvas, já depois de ter sido reconduzid­a por Pedro Silva Pereira em 2009. Assumiu as funções em 2005 por nomeação do governo de Sócrates. Marques Mendes defendeu ontem que os gestores da Caixa Geral de Depósitos ( CGD) se tivessem um pouco de “brio” demitiam- se de imediato. Porquê? Porque foram desautoriz­ados pelo primeiro- ministro e em público, disse o comentador político no seu habitual espaço de opinião na SIC.

Mendes deu razão a Pedro Passos Coelho nas críticas que fez aos gestores da CGD. Falta de liderança, agressivid­ade comercial e sensibilid­ade para os negócios das PME e estão muito atrasados no seu processo de reestrutur­ação interna, na ótica do antigo líder do PSD. Mas Mendes entende que o “maior culpado” de tudo isto é mesmo o governo, porque foi da sua autoria a escolha desta administra­ção.

O antigo líder do PSD comentou ainda as listas de candidatos da coligação Portugal à Frente e elogiou mais mulheres cabeças de lista, abertura a independen­tes, muitos jovens, a renovação significat­iva e a aprovação rápida e por unanimidad­e.

De aspetos menos bons falou de “injustiças” nas escolhas – e nomeou Fernando Negrão que, defendeu, deveria ter sido cabeça de lista; e de governante­s a mais e de representa­ntes da sociedade a menos. Já do programa eleitoral disse que saiu melhor do que se esperava.

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