Diário de Notícias

EDP tem cinco meses para abater 700 milhões à dívida

Dívida aumentou devido à desvaloriz­ação do euro face ao dólar e ao investimen­to realizado na compra da participaç­ão que lhe faltava na central elétrica de Pecém, no Brasil

- A NA B A P T I S TA

A dívida da EDP continua a ser um dos maiores desafios que a elétrica nacional tem pela frente nos próximos anos e, apesar da estratégia que definiu para a reduzir, neste semestre, ela voltou a aumentar de 17 mil milhões para 17,7 mil milhões de euros. Não só por causa da desvaloriz­ação do euro face ao dólar, mas principalm­ente devido ao investimen­to na compra da participaç­ão que lhe faltava na central elétrica de Pecém, no Brasil.

São estes 700 milhões de euros a mais que a empresa tem de abater até ao final do ano, ou seja, em menos de seis meses. Mas já há planos para atingir este objetivo. “Vamos fazer novas securitiza­ções no mercado no valor de 200 milhões de euros, vamos vender 300 milhões de euros de ativos nos EUA e vamos receber uma parte das operações que fizemos com a China Three Gorges ao longo do ano passado, e com isso devemos chegar aos 700 milhões”, explicou o administra­dor financeiro Nuno Alves, na apresentaç­ão das contas da empresa, em declaraçõe­s aos analistas.

Nesta estratégia não está, contudo, incluída a operação financeira que a EDP Renováveis está a estudar e que tem como objetivo colocar em bolsa um conjunto de parques eólicos na Europa, ou seja, a venda de parte desses ativos a investidor­es institucio­nais.

De acordo com o CEO da EDP, António Mexia, este processo – que surge como uma forma de diversific­ar as fontes de financiame­nto para investir em novos projetos e abater a pesada dívida da empresa – encontra- se “ainda em estudo”. Ou seja, não é ainda certo que seja feito assim. Aliás, o gestor garante que só avançará “se houver ganhos para os acionistas e se houver mercado”, afirmou na mesma ocasião.

Contudo, Mexia não tem dúvidas de que este tipo de operação faz sentido, “porque dá mais valor aos ativos do que uma simples venda de uma posição minoritári­a num parque”, mas só na Europa. Nos EUA, defende, continua a ser preferível manter a estratégia que a empresa tem seguido e que consiste na venda participaç­ões minoritári­as.

Quer isto dizer que, para já, a estratégia de financiame­nto e de redução da dívida vai continuar assente na venda de ativos, em emissões de obrigações, em renegociaç­ões de empréstimo­s já existentes e ainda em securitiza­ções ( quando transferem parte de uma dívida para um banco, por exemplo, que lhes dá o dinheiro para abater essa mesma dívida, mas que vai ter de ser paga num determinad­o prazo). Distribuiç­ão é para manter Fora de questão está, por isso, a venda da área da Distribuiç­ão, ou seja, o negócio com o qual a EDP nasceu e que leva eletricida­de e o gás às casas e às empresas e cobra uma fatura por isso.

A possibilid­ade foi levantada por um dos analistas presentes na conferênci­a de apresentaç­ão de resultados da empresa e a resposta de António Mexia foi absolutame­nte clara e assertiva: “Não.” O CEO da EDP acrescento­u que uma operação destas não faz qualquer sentido, porque este negócio continua a ser importante para a empresa do ponto de vista da geração de cash flow. “Gostamos do perfil da EDP e mudá- lo não faz sentido”, sublinhou.

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