Diário de Notícias

Mercado online do grande consumo atinge 118 mil milhões em 2025

A nível mundial, só 3,9% das compras de produtos básicos são feitas na internet, mas o valor médio da compra online é o dobro

- R A FA E L A BURD R E LVA S

Ainda é no comércio tradiciona­l que se faz a esmagadora maioria das compras de bens de grande consumo, mas a conveniênc­ia de se poder fazer as compras da semana em qualquer lugar e a qualquer hora está a mudar a tendência a um ritmo cada vez mais acelerado. Só vão ser precisos 10 anos para as vendas online destes produtos quase quadruplic­arem e atingirem os 130 mil milhões de dólares ( cerca de 118 mil milhões de euros), a nível mundial, estima a Kantar Worldpanel.

A consultora de hábitos de consumo calcula que, atualmente, o e- commerce de bens de grande consumo não chegue a atingir os 32 mil milhões de euros, o que representa uma quota de 3,9% do total mundial de vendas destes produtos. Em Portugal, esta quota é bastante menos significat­iva: 0,6%. E são poucos os países em que o comércio online ultrapassa esta média. Na Europa, só o Reino Unido, com 6%, e França, com 4,3%. No entanto, o cresciment­o tem vindo a acelerar todos os anos. Só em 2014, as vendas online aumentaram 28% em todo o mundo.

Retalhista­s e consumidor­es só terão a ganhar quando alterarem este comportame­nto, aponta a consultora. Primeiro, e ao contrário da ideia generaliza­da de que os consumidor­es online não são leais às cadeias de retalho, o montante gasto tem tendência a aumentar por cada visita ao site da mesma loja. Aliás, refere o estudo da Kantar, “a lealdade às lojas online é maior do que às suas homólogas físicas”. Depois, o facto de oferecer maior conveniênc­ia e de poupar tempo aos consumidor­es está a trazer aos grandes grupos do retalho que já investiram no online uma vantagem sobre as lojas que apostam em preços mais baixos, que têm vindo a ganhar cada vez mais terreno no mercado. A consultora aponta ainda o mito de que os consumidor­es online não gastam tanto quanto os tradiciona­is. Na verdade, o valor da compra média é muito maior no e- commerce do que no comércio tradiciona­l. Portugal é um dos países onde esta diferença é maior: por cada viagem às lojas físicas para comprar bens de grande consumo, os portuguese­s gastam, em média, pouco mais de 16 euros; online, a compra média ultrapassa os 50 euros. A variação é de 211%. Dos países analisados pela Kantar, só o Reino Unido tem uma diferença maior, de 312%. A nível global, o comprador médio gasta duas a três vezes mais na internet do que em lojas físicas.

Para os consumidor­es, o facto de muitas vezes existirem mais promoções online, a maior facilidade em comparar os preços dos vários retalhista­s, a maior gama de produtos disponívei­s e a entrega em casa são as vantagens mais apontadas. Nos países europeus, são os produtos para bebés que representa­m a maioria das compras. Em França, por exemplo, a comida de bebé representa 11% das compras online e o pó de talco 12%. Mas os produtos alimentare­s, como sopas instantâne­as, água e massas, também já entram nos cestos virtuais, enquanto os alimentos frescos continuam a ficar de fora.

Assim, e ainda que hoje só um em cada quatro consumidor­es, a nível mundial, faça as compras de bens de grande consumo na internet, a consultora prevê que as quotas de mercado deste canal de vendas duplique nos principais mercados até 2025. A Coreia do Sul, que já tem a maior quota ( de 13,2%), vai continuar a liderar, com 30%, seguindo- se a China, com 15%. Na Europa, Reino Unido e França vão continuar a aumentar as vendas online destes produtos, atingindo ambos uma quota de 10%.

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