Diário de Notícias

Confesse lá : se fosse alemão votava Merkel

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ALEONÍDIO PAULO FERREIRA denauer, o chanceler que fundou a RFA, governou 14 anos, Kohl, arquiteto da reunificaç­ão, 16. Merkel, agora, ameaça igualar o recorde. Se concorre ou não em 2017 é a única dúvida, pois ninguém questiona que conquistar­ia a quarta vitória, tal é a popularida­de junto dos alemães. É que a era Merkel tem sido próspera, com o desemprego abaixo de 5%e o PIB a crescer 1,9%. Em setembro de 2005, porém, Merkel era a frágil candidata de uma CDU que quatro anos antes nem sequer apostara na líder. No imaginário estava a ministra que Kohl foi buscar à ex- RDA e a quem chamava “a rapariga”. E percorrend­o a Alemanha como enviado do DN, o que mais ouvi foi criticar a falta de carisma da democrata cristã e como não tinha estaleca para Schröder. Mesmo em Templin, a vila onde cresceu, a admiração pela doutora em Química era bem maior do que a crença na sua vitória. Uma ligeira vantagem sobre os sociais- democratas acabou por dar- lhe o poder, levar ao afastament­o de Schröder e à criação da Grande Coligação. De repente, a Alemanha descobria uma líder carismátic­a, e alguns relembrara­m- se da coragem desta ao criticar Kohl quando este se viu enredado em escândalos de financiame­nto partidário­s. Em 2009, nova vitória, esmagando o SPD. Em 2013, ficou à beira da maioria absoluta, aniquiland­o os liberais e refazendo a aliança com os sociais- democratas. Na Europa do Sul, de Portugal à Grécia, Merkel é vista como campeã da austeridad­e e símbolo ( com Schäuble) da arrogância germânica; para os alemães, que lhe chamam “mãezinha”, esta filha de um pastor luterano, casada com um famoso académico mas fiel ao nome do ex- marido, que faz compras na mercearia do bairro, é forte, competente e incorruptí­vel. Prejudica a imagem da Alemanha? Talvez, mas confesse lá: se fosse alemão votava nela, não é?

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