Novo líder talibã é contestado por família do mullah Omar
Mohammad Mansour apelou à unidade e afirmou que vai prosseguir o combate pela criação de um Estado islâmico no país
AFEGANISTÃO O novo dirigente dos talibãs, o mullah Akhtar Mohammad Mansoor, apelou à unidade entre os diversos grupos que integram este movimento islamita afegão numa mensagem áudio tornada pública ontem. Mansoor – que era há vários anos o adjunto do líder histórico dos talibãs, mullah Omar, cuja morte, ocorrida há cerca de dois anos, foi confirmada na passada semana – reconheceu a existência de “amigos insatisfeitos” e prometeu que continuaria “a missão” iniciada pelo falecido líder.
A divulgação da mensagem coincidiu com persistentes rumores de que, na reunião em que foi confirmado Mansoor como dirigente dos talibãs, o irmão de Omar e o filho deste último abandonaram o local em aberto desacordo com a escolha feita. Mais tarde, o filho de Omar, Yacoob, declarou que a eleição de Mansoor foi feita apenas por apoiantes do novo líder, tendo a reunião decorrido na cidade paquistanesa de Quetta, e exigiu a realização de nova eleição em que o voto de todos os comandantes dos talibãs pudesse contar.
Os talibãs estão envolvidos num processo negocial com o governo de Cabul, que é contestado por alguns dos comandantes islamitas, e recentemente alguns dos grupos anteriormente associados ao movimento declararam fidelidade ao Estado Islâmico. Na mesma ocasião, revelaram que o mullah Omar estava morto.
Na mensagem ontem divulgada, Mansoor advertiu para a necessidade de não haver “suspeitas mútuas” entre os islamitas e que estes devem prosseguir o combate pela “implantação de um Estado islâmico” no Afeganistão, mas que também não devem temer sentar- se à mesa de negociações.