Diário de Notícias

Montenegro quis manter a sua direção. Passos não cedeu

Líder parlamenta­r bateu- se pela inclusão dos vices nas listas para deputados, presidente do PSD recusou alargar a sua quota de escolhas. Lisboa foi o maior foco de tensão

- OCTÁVI O LO USADA OLI V E I R A

Luís Montenegro tentou mas Pedro Passos Coelho não ( a) cedeu. O líder parlamenta­r do PSD procurou que os membros da direção da bancada laranja integrasse­m todos as listas de candidatos a deputados da coligação Portugal à Frente, mas o presidente dos sociais- democratas não quis alargar mais o leque de pessoas que ele próprio indicou. O resultado, esse, já se conhece: dois vice- presidente­s, António Rodrigues e Mónica Ferro, ficaram de fora.

Em 2011, ambos foram candidatos ao Parlamento pelo círculo de Lisboa – António Rodrigues no oitavo lugar e Mónica Ferro na 18. ª posição. Para o próximo sufrágio acabaram por ser “vítimas” da chamada quota nacional, isto é, do conjunto de indicações da direção do partido, que privilegio­u os membros do governo e os dirigentes nacionais.

Basta ver que, nesse círculo, o primeiro nome do PSD que não emana da direção é o de Sandra Pereira – indicada pela concelhia de Odivelas –, que surge no nono lugar ( antes da terceira personalid­ade do CDS, João Rebelo).

Segundo soube o DN, Montenegro – que trabalhou nas listas em conjunto com o coordenado­r político e porta- voz do partido, Marco António Costa, e com o secretário- geral, José Matos Rosa – fez um forcing final na reunião da comissão política nacional da passada quinta- feira – antes do conselho nacional em que as listas foram aprovadas –, argumentan­do que a

Luís Montenegro viu Passos Coelho e Marco António deixarem de fora das listas dois vices da bancada direção do grupo parlamenta­r deveria ser contabiliz­ada na quota nacional. Passos, decisor final, terá apresentad­o uma versão diferente e defendido que não queria monopoliza­r as escolhas.

Antes disso, o líder parlamenta­r também terá tentado sensibiliz­ar os outros dois elementos da troika responsáve­l pelas listas para a possibilid­ade de virem a ocorrer casos como os de António Rodrigues e Mónica Ferro. E terá mesmo alertado para um terceiro: Nuno Reis.

O deputado integrou a comissão que acompanhou as medidas do programa de assistênci­a económica e financeira ( PAEF) e é tido como um “bom quadro” do PSD. Contudo, por não ter sido indicado pela concelhia de Barcelos é apenas ter- ceiro suplente no distrito de Braga. Ou seja, não será eleito.

Seja como for, Lisboa foi mesmo o círculo em que a controvérs­ia foi maior. “O problema é que aquilo é o saco azul das candidatur­as. Vai tudo lá parar”, ouviu o DN de um dirigente do PSD.

A tese não é, porém, subscrita por António Rodrigues. O deputado confessa ter ficado “surpreendi­do” com a sua não inclusão, embora destaque que o facto de ser vice- presidente do grupo parlamenta­r “não confere uma qualificaç­ão especial para ser recandidat­o”. “Obviamente que fiquei surpreendi­do, mas só se consegue fazer renovação se alguns saírem das listas, sob pena de se eternizare­m”, explica o parlamenta­r, que salienta que a in- tegração de figuras do governo, como os secretário­s de Estado Manuel Rodrigues ( em Coimbra), Pedro Lomba ( em Faro) ou do as - sessor político de Passos Coelho, Miguel Morgado ( no Porto), “visa enriquecer o grupo parlamenta­r”. “Têm muito para dar no governo ou no Parlamento”, resume.

O DN tentou igualmente, embora sem sucesso, contactar Mónica Ferro, tal como Paulo Mota Pinto – também de fora das listas, depois de ter concorrido por Lisboa, há quatro anos.

Do lado do CDS, a deputada Teresa Anjinho foi “sacrificad­a” em Aveiro, em detrimento do secretário- geral, António Carlos Monteiro. Todavia, ao DN, preferiu não tecer quaisquer comentário­s.

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