Diário de Notícias

Opiniões continuam divididas quanto à solução encontrada

Encaixe da venda do Novo Banco e custos para os portuguese­s são as preocupaçõ­es de Nuno Melo e Mariana Mortágua

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A deputada do Bloco de Esquerda ( BE) Mariana Mortágua não tem dúvidas de que “a intervençã­o no BES vai ter custos para os contribuin­tes”, ao contrário do que garantiram o primeiro- ministro e o Ministério das Finanças.

“Todas as avaliações que há do Novo Banco [ banco bom] dizem que será vendido por um valor inferior ao injetado no fundo de resolução [ 4,9 mil milhões de euros]. Parte do valor que derem pelo banco será para a sua recapitali­zação e o encaixe para o fundo de resolução será inferior ao que foi injetado”, afirma Mariana Mortágua.

Por outro lado, acrescenta a deputada do BE, “já percebemos – e, aliás, já foi dito pelos vários intervenie­ntes na banca – que o sistema bancário não está disposto a pagar ao fundo de resolução a totalidade do empréstimo. As notícias que já temos falam numa reestrutur­ação dessa dívida a 20 anos, o que na prática significa um corte na dívida, se é que alguma vez vai ser paga pelo sistema bancário”. Além disso, “há todos os riscos de litigância contra o Novo Banco, que ficarão necessaria­mente na parte pública e não na parte que for vendida”, adverte.

Há, assim, segundo Mariana Mor tágua, “muitos riscos e muitos indícios de que esta se rá uma solução com custos elevados para os contribuin­tes”.

Mas a deputada do Bloco vai mais longe. “Não conseguimo­s compreende­r a própria ideia – e sempre nos opusemos a ela – da venda do Novo banco e o seu retorno ao mercado, porque sistematic­amente o Estado o que faz é pegar em instituiçõ­es bancárias, limpá- las e arcar com parte dos prejuízos, devolvendo- as ao mercado para que volte a fazer com elas exatamente o que fez no passado”, afirmou, acusando o Estado de estar a tratar o problema unicamente ao nível institucio­nal.

“Não estamos a resolver estrutural­mente nenhum problema, mas apenas a limpar todo o lixo e todos os maus investimen­tos e instabilid­ade criada pelos mercados financeiro­s, e, sobretudo, o Estado não previne desastres futuros”, explicou.

Na sua opinião, a solução passaria por separar ativos bons e maus, tendo os acionistas de arcar com os prejuízos, como foi fei - to, mas “tem de haver uma forma de o Es - tado poder apropriar- se de bens e património do grupo, que faliu, para compensar os prejuízos que terá a salvar o No vo Banco, e tal não foi feito, como também não foi no BPN”.

Lembra também que há ainda por contabiliz­ar prejuízos em benefícios fiscais concedidos ao Novo Banco e que no futuro “custarão vários milhões de euros em perda de receita fiscal”.

Já o eurodeputa­do Nuno Melo, do CDS, considera que a opção tomada é a que menos custos traz para o contribuin­te e exemplific­a com o caso do BPN, que “teve um

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