Diário de Notícias

Acesso a dados de contribuin­tes limitado a partir de hoje

Os trabalhado­res da Autoridade Tributária vão ter de justificar a razão pela qual estão a aceder aos dados dos contribuin­tes

- R. B. R.

FISCO Os trabalhado­res da Autoridade Tributária ( AT) terão, a partir de hoje, acesso limitado aos dados pessoais dos contribuin­tes. A medida que entra agora em vigor faz parte do “Plano de ação em matéria de reforço da segurança da informação, proteção de dados pessoais e confidenci­alidade fiscal”, documento com 30 medidas, aprovado em julho, na sequência do caso Lista VIP.

Foi implementa­do um mecanismo informátic­o “para registo prévio da fundamenta­ção e da contextual­ização do acesso a dados pessoais dos contribuin­tes por parte dos funcionári­os da AT”, isto é, os trabalhado­res do fisco têm de justificar a razão pela qual estão a aceder aos dados. “Deste modo, fica evidenciad­o o contexto em que se realizam os acessos aos dados confiados à AT, sem que daí resultem perdas de eficiência com impacto no serviço prestado aos cidadãos”, pode ler- se no documento oficial.

Esta justificaç­ão será feita no momento em que tentam aceder aos dados, sendo confrontad­os com uma pergunta e várias opções de resposta. O mecanismo informátic­o é “de utilização muito sim- ples”, diz ao DN/ Dinheiro Vivo fonte oficial do Ministério das Finanças. Tal como outras medidas do programa, esta baseou- se no sistema fiscal espanhol, “regime muito semelhante ao português”.

Entre as medidas que constam do plano de ação está também a revisão e a redução das permissões concedidas às entidades externas à AT e que, em regime de outsourcin­g, tinham acesso aos dados fiscais dos portuguese­s. Na altura em que foi conhecido o caso Lista VIP, tanto a Comissão Nacional de Proteção de Dados ( CNPD) como a Inspeção- Geral de Finanças ( IGF) criticaram as largas centenas de colaborado­res externos ( estagiário­s, subcontra- tados e de consultora­s privadas) à AT com acesso total aos dados dos contribuin­tes.

Já os privilégio­s dos trabalhado­res das finanças serão alterados e adequados ao estritamen­te necessário para o exercício das suas funções. O fisco pretende a analisar os perfis ativos e as respetivas permissões de acesso dos trabalhado­res da casa para adaptação de necessidad­es, mas também para que, por exemplo, antigos trabalhado­res deixem de ter as suas contas de acesso em funcioname­nto. Ao mesmo tempo, o fisco vai apostar na formação dos trabalhado­res, já que, como apontou a IGF, muitos mostravam “desconheci­mento de normas”.

Será ainda criado um Comité de Ética, Segurança e Controlo, para acompanhar de perto a estrutura da AT e matérias de segurança da informação, proteção de dados pessoais e confidenci­alidade fiscal. Este grupo incluirá técnicos do fisco e de entidades externas, bem como especialis­tas, podendo também ser integrado um representa­nte do Sindicato dos Trabalhado­res dos Impostos.

A aplicação destas medidas, que será feita até 2017, poderá custar cinco milhões de euros, e mais de metade deste montante servirá, precisamen­te, para o mecanismo informátic­o. A primeira avaliação à eficácia deste plano está marcada para 2016.

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