Diário de Notícias

Yanis Varoufakis: Schäuble quer troika em Paris, Roma e Madrid

Em declaraçõe­s ao ex- ministro acusa o alemão de ter agitado espectro do para assustar as três capitais europeias

- A. C. M.

ENTREVISTA O ministro das Finanças alemão “quer marginaliz­ar a Comissão [ Europeia] e criar uma espécie de autoridade fiscal com capacidade para controlar os orçamentos nacionais, incluindo os de países que não estejam sujeitos a programas de assistênci­a. É como pôr todos os membros sujeitos às regras de um programa de assistênci­a. O plano de Schäuble é impor a troika em todo o lado. Em Madrid e em Roma. E especialme­nte em Paris”. Esta é a tese defendida pelo ex- ministro das Finanças grego Yanis Varoufakis numa entrevista publicada ontem no El País.

Repetindo as críticas desde que saiu do governo de Atenas, Varoufakis insiste na tese de uma conspiraçã­o alemã que terá agitado o espetro de um “grexit para criar o medo necessário em Madrid, Roma e Paris” e levar os respetivos governos à adoção de políticas de rigor e contenção orçamental. E o “grande prémio é Paris” – “o destino final da troika”, diz Varoufakis. Segundo números do Eurostat para o primeiro trimestre de 2015, a dívida pública em França representa 93,5% do seu PIB, valor superior à média dos países do euro. Este valor só era ultrapassa­do por Portugal ( 129,6%), Itália ( 135,1%) e Grécia ( 168,8%). Varoufakis admite depois que, no Eurogrupo, “a França não acredita nem pratica a austeridad­e”, referindo- se que “uma pequena minoria” acredita e um “grupo maior de governos não acreditam, mas estão obrigados a defendê- la, porque a impuseram”.

Insistindo nas críticas ao governo alemão e à chanceler Angela Merkel, acusa esta de querer “transforma­r a Europa numa jaula de ferro” e diz que, apesar de “ter perdido a batalha após seis meses” sobre as políticas de austeridad­e, “ganhámos a guerra: mudámos o centro do debate”, ainda que isso tenha custado, todavia, “milhares de milhões. Mas há coisas que se medem pelo seu valor, não só pelo seu preço”.

Referindo- se ao alegado plano B, que denomina “plano X” e que, na sua definição, era “um plano de contingênc­ia para responder aos atos de agressão de BCE, Eurogrupo e demais instituiçõ­es”, limita- se a referir que “era um novo sistema de pagamentos a realizar através das autoridade­s tributária­s”, mas que “já passou à história”.

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