Diário de Notícias

A ópera sobre Cecilia Giménez e o restauro que fez

Depois de todas as piadas a que deu origem na internet, agora a história da senhora de Borja inspira uma ópera

- MARI NA MARQUES

MÚSICA. Uma heroína que seguiu o que o coração lhe dizia. Na ópera Behold the Man ( Ecce Homo) é assim que o autor, Andrew Flack, apresenta Cecilia Giménez, a senhora agora de 84 anos que em agosto de 2012 saiu do anonimato da pacata aldeia de Borja para as páginas dos jornais de todo o mundo por causa do “restauro” que fizera ao quadro Ecce

de Elías García Martínez. O norte- americano apaixonou- se pela história de Cecilia e visitou Borja em 2013, um ano depois de ter sido conhecido o restauro e quando as notícias eram já sobre os milhares de turistas que rumavam à localidade da província de Saragoça, que nem cinco mil habitantes tem. Tudo para verem ao vivo o restauro de Cecilia.

O norte- americano, ex- publicitár­io, fez questão de conhecer a artista e nessa altura começou a pensar na criação de uma ópera que contasse a história de Cecilia Giménez e do seu restauro tão peculiar. E, segundo avança a edição online do El País, a ópera já está terminada e foi apresentad­a ao público pela primeira vez a 18 de julho. Não terá sido ainda a versão final, tratando- se apenas de uma leitura encenada da obra, numa capela de Boulder, no Colorado ( EUA). “A reação do público foi muito boa”, disse Andrew Flack ao El Pais.

“A música [ de Paul Fowler] é muito bela e a história tanto é divertida como emotiva. Está cheia de emoções, até porque a personagem de Cecilia é a de uma solícita mulher de fé que de um momento para o outro se vê no meio de uma controvérs­ia. Mas para nós é uma heroína porque seguiu o seu coração.”

“Temos mantido um contacto muito próximo com ela e com a sua família”, indica Andrew Flack. “A sua sobrinha, Marisa Ibáñez, e nós escrevemo- nos pelo menos uma vez por semana.” Desde o início que a ideia é levar a ópera Behold the Man a Borja e Flack assegura que está quase a conseguir atingir esse objetivo. “Esperamos estreá- la em Borja no próximo ano. Ainda não temos uma data certa, mas eu e os meus sócios iremos de novo a Borja em novembro para reunirmos com patrocinad­ores e as autoridade­s locais”, revela.

“Quem disse que é melhor ou pior? Se algo é uma bênção ou uma maldição? O milagre de uma pessoa pode ser o desastre de outra”, afirmou Flack, a quem a história de Cecilia sempre fascinou co mo um ato de fé.

Agora que libreto e música estão terminados, Andrew Flack e os seus sócios vão começar a angariar dinheiro e patrocínio­s para poderem apresentar a ópera em tantos palcos quantos conseguire­m. Para o espetáculo que pretendem levar a Borja, “trabalha - remos com cantores, músicos e técnicos espanhóis. Será uma produção espanhola. Mas também teremos uma versão em inglês”, esclarece o norte- americano. Porque, defende, a história de Giménez é universal.

Tanto que nos 12 meses que se seguiram ao anúncio do restauro da pintura que decora o Santuário da Misericórd­ia de Borja 70 mil pessoas foram ver ao vivo o restauro de Cecilia Giménez. Será que o êxito se repetirá com a ópera?

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