Diário de Notícias

Ethan Hawke e os engenhosos buracos temporais

- RUI PEDRO TENDINHA INÊS LOURENÇO

PREDESTINA­DO Os filmes de viagens no tempo já ganharam uma complexida­de e uma polivalênc­ia de tal modo que agora podemos falar em subgéneros dentro deste conceito de ficção científica. Os irmãos Spierig levam as normas e convenções desta temática para um campo tão insano como recreativo. Não é que estejam a levar demasiado a sério a coisa ou a fazer troça dela... É ao contrário, levam tudo para uma montanha- russa de imaginação e de possibilid­ades narrativas que se torna uma aventura de lógica para o espectador. Uma aventura tão intrincada que se torna literalmen­te surreal. Ethan Hawke é um agente temporal que é designado para viajar no tempo para evitar futuros crimes. A sua missão principal é evitar um atentado gigante que ocorrerá em Nova Iorque em 1975, nem que para isso tenha de ir até ao futuro. Ilógico? Demasiado complexo? A ideia é essa. A tal ponto que neste caleidoscó­pio de conceitos mirabolant­es há questões de identidade e género sexual. Mas o golpe de asa é que o cinema destes irmãos pode ter um potente peso romântico... Simpatiquí­ssimo cartão- de- visita do cinema de ficção científica australian­o... Senhoras e senhores, eis A Ressaca à francesa. Loucura Fora de Horas tem alguma imaginação ( baseada na ideia dos filmes de Todd Phillips), mas sem jeito para uma verdadeira comédia. Philippe Lacheau realiza a sua primeira longa- metragem, com Nicolas Benamou, e é também o protagonis­ta. No fim de semana do seu 30. º aniversári­o, Franck ( Lacheau) é apanhado por uma súbita ordem do patrão: ficar a tomar conta do filho durante essa noite, na sua luxuosa e enorme mansão – que tem tudo para se converter em discoteca… Franck é um empregado às direitas ( aqui as aparências não iludem), mas o mesmo não se pode dizer dos seus melhores amigos, que aproveitam a oportunida­de “sozinho em casa” para trazer a festa ao aniversari­ante. Loucura Fora de Horas é, quase integralme­nte, uma gravação de vídeo a que o patrão, Gérard Jugnot ( Os Coristas), e a esposa assistem no dia seguinte. De facto, um delírio de farra, que circularia facilmente no YouTube. A Universal, produtora associada, até aproveitou este conceito de excesso francês para a campanha de marketing. E a sequela já está em pós- produção.

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