MÁRIO CLÁUDIO
O escritor não nega a sua preferência pela paisagem a Norte mas recusa ser rotulado geograficamente. Diz que se reconhece “como um escritor daqui, que está profundamente ligado a este espaço onde tem as suas raízes, mesmo que está aberto à frequência de outros lugares”. Em poucas palavras, garante: “Não me vejo confinado pelo Porto, antes tão motivado pela cidade como por outros lugares que visito.” Não hesita em dizer “vocês aí de baixo” ou “vocês não têm essa perspetiva porque estão em Lisboa” nem em pegar na carreira de Agustina Bessa- Luís e de Manoel de Oliveira para provar o desequilíbrio que regula a vida cultural portuguesa. Só há uma situação em que considera existir o mesmo exagero entre o Norte e o Sul, no futebol: “É a hipertrofia desportiva relativamente a qualquer outra atividade portuguesa.” Apesar de a sua veia política não ter grande visibilidade, Mário Cláudio não hesita em arrasar a política cultural do ex- autarca Rui Rio. Também avança que os tempos são outros, mesmo que não perfilhe o ponto de vista ideológico das figuras mais destacadas do atual executivo. Nascido no Porto no ano de 1941, licenciado em Direito, acabou por seguir outro percurso de vida. Tem vasta obra como ficcionista, poeta, dramaturgo e ensaísta. É autor de obras nestes géneros, que o distinguiram em Portugal com vários galardões: Grande Prémio de Romance APE em 1984; Prémio Pessoa em 2004; Prémio Clube Literário do Porto em 2005; Prémio Personalidade do Ano em 2006, e Prémio Vergílio Ferreira em 2008. Há semanas repetiu o Grande Prémio de Romance e Novela da APE com a sua novela Um escritor em quem Vergílio Ferreira reparou e deixou escrito nas páginas do seu diário,
que “era um dos grandes valores da geração seguinte”.