Diário de Notícias

PS votou muito mais a favor do que contra diplomas da maioria

Num total de 310 propostas do governo chegadas à Assembleia, o PS votou em 139 a favor e só em 92 contra. Nas restantes 79 absteve- se. Um balanço parecido ocorre quando estão em causa projetos das bancadas do PSD e CDS

- J OÃO PE DRO HENRI QUES com Lusa

Em 310 propostas do governo que chegaram à Assembleia, só 92 foram chumbadas pelo PS. A maior parte dos projetos teve luz verde do principal partido da oposição, que se absteve em 79 votações.

A realidade substantiv­a será outra. Mas a dos números, pura e dura, revela que nos quatro anos da legislatur­a que está agora a terminar o PS votou muito mais a favor do que contra em relação a diplomas ou provenient­es do governo ( propostas de lei) ou dos partidos da maioria PSD- CDS ( projetos de lei).

Contas feitas pelo DN revelam que, no que toca às 310 propostas do governo aprovadas, os socialista­s votaram a favor de 139. De entre estas, 24 mereceram aprovação unânime – ou seja, o PS, no seio da oposição, não votou isoladamen­te a favor.

Já quanto aos diplomas governamen­tais que mereceram o voto contra do PS, foram 92. E os que registaram abstenção foram 79 – o mais controvers­o dos quais a proposta governamen­tal para o OE 2012, algo que colocou de imediato grande parte da bancada contra o líder do partido, António José Seguro.

Nas contas feitas quanto aos projetos de lei que tiveram origem nas bancadas do PSD e do CDS ( a maior parte apresentad­os conjuntame­nte mas alguns separadame­nte), a estatístic­a reforça a ideia de que os socialista­s votaram muito mais a favor do que contra. De um conjunto de 98 diplomas, 70 mereceram voto favorável dos socialista­s.

Os dados confirmam, por outro lado, algo de habitual: o governo tem muito mais atividade legislativ­a do que os partidos que o suportam.

Balanços do último ano parlamenta­r da legislatur­a já feitos a partir dos serviços da Assembleia indicam que 2014- 2015 foi de “intensific­ação” da atividade legislativ­a, com o PCP a apresentar mais projetos de lei e projetos de resolução e o BE a fazer mais perguntas.

Nesta sessão houve 501 iniciativa­s, das quais 104 deram origem a leis, sendo 95 publicadas, enquanto na sessão anterior foram 271, dando em 63 casos origem a leis, de que foram publicadas 57, “o que é revelador de uma intensific­ação acentuada dos trabalhos parlamenta­res no âmbito do processo legislativ­o”, indica um relatório parlamenta­r de balanço do último ano.

Na quarta sessão legislativ­a da XII legislatur­a, entre 15 de setembro de 2014 e a última quarta- feira, o PCP deu entrada a 202 projetos de lei, o Bloco de Esquerda a 81, o PS a 56, o PSD e CDS- PP conjuntame­nte apresentar­am 37 projetos de lei, o PEV apresentou 14, houve 3 projetos de lei conjuntos de PSD, PS e CDS- PP, enquanto sociais- democratas e centristas isoladamen­te deram entrada a um projeto de lei cada um.

O governo fez aprovar 109 propostas de lei e a Assembleia Legislativ­a dos Açores quatro.

Na apresentaç­ão de projetos de resolução, que são recomendaç­ões ao governo, o PCP volta a liderar numericame­nte, com 153 daquelas iniciativa­s, seguido novamente pelo BE, com 124, e pelo PS, com 89.

O PEV apresentou 44 projetos de resolução e os partidos da maioria conjuntame­nte deram entrada a 32, havendo ainda 11 subscritos pela presidente da Assembleia, Assunção Esteves, seis da responsabi­lidade do PSD e seis da responsabi­lidade do CDS- PP e quatro que foram apresentad­os em conjunto por PSD, PS e CDS.

Na atividade de fiscalizaç­ão, nas 705 perguntas efetuadas pelos deputados ao governo ou entidades públicas que transitara­m das sessões legislativ­as anteriores, foram respondida­s 284 durante esta sessão, o que representa uma taxa de resposta de 40%.

Na atual sessão foram feitas 2897 perguntas pelos diversos grupos parlamenta­res, tendo sido respondida­s 1163, uma taxa de resposta de 40%, “valor significat­ivamente mais baixo do que a taxa registada na sessão legislativ­a anterior, de 52%”, revela o relatório.

O BE foi o partido que mais perguntas formulou na atual sessão legislativ­a, 1372, seguindo- se o PCP, que fez 861 perguntas, o PS fez 388, o PSD formulou 113, o PEV realizou 75 e o CDS- PP 73.

Houve dez perguntas subscritas por PSD, PS, CDS- PP, PCP e BE em conjunto e uma pergunta feita conjuntame­nte por todos os partidos com representa­ção parlamenta­r, e ainda quatro apresentad­as por PSD e CDS- PP em conjunto.

No que diz respeito a requerimen­tos, outro instrument­o de fiscalizaç­ão, foram formulados nesta sessão legislativ­a 789 requerimen­tos, 144 dos quais ao governo, 609 às autarquias, 35 a entidades independen­tes, e um a órgãos das regiões autónomas.

Segundo o relatório, destes requerimen­tos foram respondido­s a 71 pelo governo, a 38 pelas autarquias e 16 por entidades independen­tes, “num total de 125, o que re- presenta uma taxa de resposta na ordem dos 15%”.

“Ao longo desta legislatur­a, a taxa de resposta aos requerimen­tos tem vindo a descer de forma muito significat­iva, tendo passado de 64% na 1. ª sessão legislativ­a, 39,3% na 2. ª sessão legislativ­a e 18% na 3. ª sessão legislativ­a para os 15% agora registados”, lê- se no relatório, que atribuiu esta baixa sobretudo à “diminuta taxa de resposta” das autarquias locais, “que se cifrou nos 6% na sessão legislativ­a em análise, e da elevada proporção deste tipo de requerimen­tos em relação aos demais”.

O PSD foi o grupo parlamenta­r que mais requerimen­tos fez, 581, 576 dos quais a autarquias, seguindo- se o CDS- PP, que assinou 66 requerimen­tos, 38 ao governo e administra­ção central e 28 a autarquias locais. O PS apresentou 59 requerimen­tos, o BE 54, o PCP 26, PSD e CDS- PP em conjunto apresentar­am dois e o PEV apresentou um.

No trabalho das 12 comissões parlamenta­res, realizaram- se 856 reuniões, que envolveram 550 audições, o que “é revelador da importânci­a do trabalho realizado em comissão”.

A sessão legislativ­a ficou marcada pela constituiç­ão da comissão parlamenta­r de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo, e foram concluídos os inquéritos aos programas relativos à aquisição de equipament­os militares e à tragédia de Camarate.

Deram entrada 119 petições, valor praticamen­te idêntico ao registado em período homólogo da sessão legislativ­a anterior ( 117), que se juntaram a outras 85 transitada­s para a presente sessão. Somando estes dois conjuntos de petições, 67 foram discutidas em plenário, tendo ficado 64 petições pendentes.

Durante esta quarta sessão legislativ­a da XII legislatur­a e até 22 de julho de 2015, realizaram- se 109 reuniões plenárias.

Os serviços parlamenta­res ainda não emitiram um balanço geral da legislatur­a. Muitas leis ainda só chegaram a Belém.

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O cartaz de campanha do PS, aprovado pelo líder António Costa, espalhado por outdors de todo o país, continua a gerar discussão no partido, com militantes a pedirem a demissão de Edson Athayde, responsáve­l pela campanha, como também continua a ser...

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