Diário de Notícias

Katie Ledecky: a adolescent­e americana testa hoje os seus limites a nadar os 200 metros livres

Adolescent­e norte- americana, dominadora da longa distância, tenta alargar supremacia aos 200 m livres. Se o conseguir, ficará na história de uns Mundiais já com brilho feminino

- RUI MARQUES S I MÕES

Agora, nada é como naquela tarde de verão em Londres, quando ninguém olhava para o seu canto e ela voou de lá para roubar o ouro olímpíco dos 800 metros livres à anfitriã e superfavor­ita Rebecca Adlington. Agora, é para ela que todos olham, na expectativ­a de que 2015 seja de Katie Ledecky, tal como 2009 foi o ano de Phelps, 2011 de Lochte e 2013 de Franklin. A adolescent­e, nova rainha norte- americana das piscinas, tem sido uma das figuras dos Mundiais de natação ( a decorrer em Kazan, Rússia). Hoje, entre 200 e 1500 metros livres, Ledecky vai testar os seus limites, em busca de um registo ímpar na história.

Em Kazan, os recordes do mundo vão caindo: a sueca Sjöstrom estabelece­u ( 55,74) e, depois, melhorou ( 55,64) o de 100 metros mariposa; a húngara Hosszu fixou novo máximo de 200 m estilos ( 2.06,12) e, pelo meio, Katie Ledecky bateu o melhor registo dos 1500m livres, que já lhe pertencia ( 15: 27.71). É à teenager ( 18 anos, finalista do ensino secundário num colégio católico de Bethesda, Maryland) que os EUA se agarram para esquecer as desilusões da participaç­ão masculina no Mundial ( pela primeira vez na história, a estafeta 4x100m livres falhou a qualificaç­ão para a final).

A nadadora, crescida entre os grandes do desporto – até Michael Jordan ( parceiro de Jon Ledecky, tio da nadadora, na administra­ção dos Washington Wizards) brincava com ela na infância... – e com uma paixão intensa pela natação ( onde se iniciou aos 6 anos, por influência do irmão) parece ter encontro marcado com a história. E, nos bastidores, não falta quem a veja fadada para se tornar a figura dos Campeonato­s do Mundo, tal como os compatriot­as Michael Phelps ( cinco medalhas de ouro), Ryan Lochte ( cinco) e Missy Franklin ( seis) foram nas edições de 2009, 2011 e 2013, respetivam­ente.

Katie Ledecky é a rainha da longa distância. Tripla- recordista de 400, 800 e 1500 metros livres, em Kazan tentará revalidar os títulos mundiais dessas especialid­ades, que conserva desde 2013 ( um ano após surpreende­r o mundo, ao ganhar o ouro olímpico em Londres). E, ao mesmo tempo, procurará um 4. º título individual ( algo que nenhuma mulher conseguiu na história dos Mundiais), nadando tam-

Ledecky estabelece­u ontem “sem querer” um novo recorde dos 1500 metros livres, na eliminatór­ia RUTA MEILUTYTE › Aos 18 anos, é, ao lado de Ledecky, a adolescent­e mais promissora dos mundiais, mas não é uma novidade. A lituana tornou- se a primeira a deter, em simultâneo, títulos olímpico, mundial e europeu de seniores e juniores numa disciplina da natação – os 100 metros costas, que ganhou em Londres 2012, com 15 anos. Também compete em 50 m costas. bém a prova de 200 m livres, onde terá pela frente Missy Franklin ( a outra rainha da natação dos EUA, dois anos mais velha, que tenta regressar à boa forma).

A ambição implica um esforço ímpar. Ledecky estará em prova, sem parar, de domingo ( ganhou o ouro dos 400 m livres) a sábado, 8 ( para quando está agendada a final dos 800m livres). E hoje à tarde vai disputar as meias- finais dos 200m logo 20 minutos depois de terminar a final dos 1500 metros. SARAH SJÖSTROM › Em Kazan, no espaço de poucas horas, a sueca, de 21 anos, bateu duas vezes o recorde dos 100 metros mariposa e revalidou o título mundial da distância ( que ganhara em 2009 e 2013). Também é vice- campeã mundial dos 100 m livres. E, em dezembro, nos mundiais de piscina curta, ganhou as provas de 50 e 100 m mariposa e 200 m livres. “Vai ser uma semana muito ocupada, mas estou entusiasma­da com o desafio”, garante a adolescent­e.

Por isso, movida pela fé católica ( garante rezar antes das provas) e pela paixão pela natação, Katie não se deslumbra com o primeiro ouro e o primeiro recorde em Kazan e continua focada: “Agora, há muitas mais eliminatór­ias pela frente. Tenho de continuar a esforçar- me. Espero também sair- me bem.”

De resto, a dedicação é tal que a nadadora decidiu adiar, por um ano, a entrada na universida­de de Stanford ( prevista para o próximo outono) para se dedicar a 100% à preparação dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. E os mais entusiasta­s dizem que lá ela poderá participar e vencer em cinco especialid­ades nos Jogos ( 200, 400, 800, 4x400 e 4x800metro­s livres, já que os 1500 não são distância olímpica). Cinco ouros numa só edição é algo nunca alcançado por uma nadadora dos EUA. Isso, sim, deixaria Katie Ledecky em definitivo na história.

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