“É possível termos um campeão olímpico no Rio"
PORTUGUESES Para já, só há a equipa de futebol e mais seis atletas apurados. Chefe de missão garante esforço total e muita esperança
O antigo canoísta José Garcia, de 50 anos, é o chefe de missão olímpica portuguesa para os Jogos do Rio. Licenciado em Educação Física pelo ISMAI ( Instituto Universitário da Maia), participou em três Jogos Olímpicos como atleta e acredita que Portugal pode contrariar a história recente de decréscimo de medalhas em Olimpíadas ( três em Atenas 2004, duas em Pequim 2008 e uma em Londres 2012). “Estamos com muita esperança em ter uma boa participação e os atletas tudo irão fazer para elevar bem alto o nome do país. Qualidade para um bom desempenho existe”, defende, ao DN.
Foram integrados 115 atletas em 18 modalidades no Projeto Olímpico. Com lugar assegurado, estão os 18 elementos da equipa de futebol, Jorge Lima e José Costa ( vela, classe 49er), outro elemento ainda desconhecido em vela, na classe laser, João Costa ( tiro), Diogo Carvalho e Alexis Santos ( natação).
Vários outro atletas já atingiram os mínimos, mas terão de esperar pelo fim do período de qualificação para “carimbarem” a presença no Rio de Janeiro. Entre eles, os nomes mais mediáticos são Nélson Évora ( campeão olímpico em Pequim 2008) e Telma Monteiro, que em entrevista recente ao DN confessou que toda a sua preparação está virada para o Rio de Janeiro 2016, em busca, finalmente, da sua afirmação nesta mágica competição. “Efetivamente, o Nélson e a Telma são dois nomes em que depositamos muita esperança. São duas referências para todos nós e ao longo do tempo já conseguiram grandes conquistas. Cer- tamente que os outros atletas portugueses vão inspirar- se nesses dois exemplos para tentarem superar- se e conseguir bons resultados”, sublinha.
E será possível concretizar o sonho de ter o quinto campeão olímpico português na história? Até agora, apenas Carlos Lopes ( Los Angeles 1984), Rosa Mota ( Seul 1988), Fernanda Ribeiro ( Atlanta 1996) e Nélson Évora ( Pequim 2008) o conseguiram. “É possível voltarmos a ter um campeão olímpico já no Rio, mas todas as hipóteses são possíveis e até poderemos voltar sem qualquer medalha. Mas deixo a garantia, da minha parte e dos atletas, que o esforço será total para podermos trazer excelentes resultados”, realça.
José Garcia admite a possibilidade, mas nem quer pensar que Portugal volte “a seco” do Brasil. A última vez que tal aconteceu foi em Barcelona 1992, curiosamente na edição em que José Garcia conseguiu o seu melhor resultado, ao ser o sexto classificado em K1 1000 metros.
Portugal conta com um total de 23 medalhas em Jogos Olímpicos, sendo o atletismo responsável por quase metade ( dez). De resto, co - mo habitualmente, a maior representação lusa deverá ser nesta modalidade, à qual José Garcia reconhece capacidade para voltar a obter bons resultados. “A história diz- nos que o atletismo tem sido responsável por boa parte do sucesso de Portugal nos Jogos. É sem dúvida a modalidade- referência para nós e temos vários atletas com marcas de qualificação que têm todas as condições para brilhar no Rio de Janeiro. Vamos no entanto aguardar pelo final do período de qualificação para ver quem efetivamente fará parte do grupo e quais serão as nossas reais possibilidades”, diz.
O próximo ano será de grande trabalho, garante. “Vou estar o mais próximo possível dos atletas, de modo a acompanhá- los no dia- a- dia e para perceber quais são as suas dificuldades. Terei também a possibilidade de transmitir a minha experiência em Jogos Olímpicos, algo que poderá ser importante para os que têm menos experiência”, considera, lembrando que acompanhou de perto metade das medalhas de ouro portuguesas: Rosa Mota, em Seul 1988, e Fernanda Ribeiro, em Atlanta 1996.