Diário de Notícias

D. DUARTE PIO

Duque de Bragança e herdeiro do trono português

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A porta do segundo andar do prédio herdado por D. Duarte Pio da rainha D. Amélia está aberta. Lá de dentro, residência em Lisboa dos duques de Bragança, a voz do pretendent­e ao trono português sai assertiva: “Façam o favor de entrar.” Dirigimo- nos à sala de estar, decorada com fotografia­s da família, sobretudo dos filhos Afonso, Maria Francisca e Diniz, e da mulher, Isabel de Herédia. D. Duarte entra, ainda a ajeitar a gravata, com um sorriso de orelha a orelha. Está calor, muito calor. “O que é que querem beber? Uma cervejinha, um refresco?” Peço água fria eé o próprio quem se dirige à cozinha para trazer os copos e um jarro cheio que faz questão de servir. Desastrado, volto a encher o copo e entorno água em cima da mesa vidro que serve de apoio ao terno de sofás. O duque de Bragança, sentado à minha frente, levanta- se e trata de ir buscar uma toalha para limpar os vestígios do “acidente”. “Não se preocupe, são coisas que acontecem”, diz para me sossegar, percebendo a minha expressão de desconfort­o. Antes já me tinha falado dos filhos e da mulher e mostrou- me os livros de botânica, a última paixão de Afonso, o filho mais velho. A meio da entrevista, já com parte das fotografia­s tiradas, propõe- se tirar a gravata. É o que faz, porque, apesar das janelas abertas, é uma daquelas tardes em que não corre uma brisa. Em nenhum momento foge a perguntas. A chegada de Isabel de Herédia serve para D. Duarte ir à cozinha buscar uma taça com biscoitos de amêndoa amarga. “Provem, são uma delícia. Foi uma senhora do Algarve que nos ofereceu.” Fala de tudo sem reservas. Do passado no exílio da Suíça onde nasceu e do regresso a Portugal, do presente e da família na casa de Sintra, do futuro e do que ainda sonha fazer. Só não assume, mas não é sequer preciso, que gostava de ser rei.

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