Ilegais vão de Kent para Londres em táxis pagos pelos contribuintes
Jovens que conseguem cruzar o Eurotúnel estão a ser levados para casas temporárias a mais de 100 km do local da chegada
Só na noite de domingo para segunda, 1700 imigrantes tentaram entrar no Eurotúnel em Calais As autoridades de Kent, no Reino Unido, estão sem espaço para acolher todos os migrantes menores que conseguem cruzar o canal da Mancha e pedir asilo, sendo obrigadas a transportá- los para casas temporárias a mais de 100 km de distância, em Londres. O transporte está a ser feito em táxis, com as faturas a chegarem às 150 libras ( mais de 200 euros) por viagem, revelou ontem o Daily Telegraph. E tudo é pago pelos contribuintes britânicos.
Segundo o jornal conservador, os serviços locais em Kent já atingiram o “ponto de rutura”, com o número de menores de 18 anos requerentes de asilo a passar de 368 em março para os 629 no final da semana passada. As crianças são normalmente colocadas em casas temporárias especiais e já não há espaço na região. “Estamos a tentar manter estes custos no mínimo e negociámos preços melhores com algumas empresas. Esperamos que o governo central nos reembolse no devido tempo”, indicou ao Daily Telegraph um responsável local.
Já no domingo o The Mail on Sunday revelava que, por os seis centros de acolhimento que existem estarem cheios, os requerentes de asilo estão a ser alojados às custas dos contribuintes em hotéis onde os quartos custam 70 libras ( 100 euros) a noite, com direito a três refeições diárias e 35 libras ( 50 euros) de semanada. Um artigo que só aumenta a retórica anti- imigração que se ouve no Reino Unido, onde o próprio primeiro- ministro, David Cameron, se referiu aos migrantes como uma “praga”.
Nas últimas semanas, têm sido várias as tentativas de milhares de migrantes para atravessarem o túnel sob o canal da Mancha, desde Calais ( Norte de França) para o Reino Unido. Nove já perderam a vida a tentar fazer a viagem. Só na noite de domingo para segunda- feira, as autoridades francesas conseguiram impedir 1700 pessoas de tentar cruzar o Eurotúnel. Londres e Paris apelaram à União Europeia por ajuda para conter a situação.
O governo britânico está entretanto a preparar um novo projeto de lei sobre a imigração, que apresentará no outono. Segundo o secretá- rio de Estado para as Comunidades e Assuntos Legais, Greg Clark, entre as várias medidas está uma que prevê a possibilidade de os proprietários que alugam casas a imigrantes clandestinos poderem ser condenados a uma pena máxima de cinco anos de prisão. Até agora, o projeto previa apenas multas. Mediterrâneo A agência europeia de controlo de fronteiras ( Frontex) vai contratar empresas privadas para as patrulhas no Mediterrâneo, porque os Estados membros não disponibilizam meios suficientes. “Falta- nos tudo, mas sobretudo aviões”, disse o diretor adjunto, Gil Arias, à agência EFE, adiantando que a Frontex espera assinar ainda este mês um contrato com quatro empresas privadas.
Ontem, um marroquino de 27 anos morreu asfixiado ao tentar entrar em Espanha dentro de uma mala, no porta- bagagens do carro do irmão. O homem foi encontrado morto quando o ferry, que partira de Mellila ( enclave espanhol no Norte de África), chegou a Almeria. Duas mil pessoas já morreram este ano a tentar cruzar o Mediterrâneo.