Diário de Notícias

Empresa vende móveis a Bruxelas e escapa à queda da bolsa grega

Atenas e credores concordara­m na manutenção dos direitos dos pensionist­as adquiridos até 30 de junho. Ministro do Trabalho sublinha “clima construtiv­o” das negociaçõe­s

- ANA MEIRELES

Foi negra a reabertura da Bolsa de Atenas, que voltou ontem às transações após mais de um mês de encerramen­to. A sessão fechou com perdas de 16,2%, enquanto as ações dos bancos caíram 30%, atingindo o limite de volatilida­de diário. A exceção foi a Dromeas, que subiu 29% graças a um contrato de fornecimen­to de mobiliário de escritório com a Comissão Europeia.

Este foi o pior desempenho diário da Bolsa grega desde 1985, ano em que tiveram início os registos modernos, batendo a queda de 15,03% registada em 1987 por causa do crash de Wall Street. A sessão de ontem fechou com uma queda de 16,2%, mesmo assim um valor inferior aos 23% de perdas registados no início das transações.

As ações dos bancos gregos foram as que mais caíram, alcançando os 30% negativos de limite de volatilida­de diário. O National Bank of Greece e o Piraeus Bank atingiram este máximo, enquanto o Alpha Bank terminou com – 29,81% e o Eurobank caiu 29,86%.

“As ações dos bancos parecem ter mais margem para caírem na terça- feira [ hoje] antes de aparecerem ofertas”, declarou ontem à Reuters fonte de um fundo de investimen­to. “Vai demorar alguns dias até o mercado equilibrar”, acrescento­u.

Algumas empresas, na sua maioria com exposição no estrangeir­o, superaram as expectativ­as, apesar de terem apresentad­o quedas. E apenas nove cotadas, todas de pequena dimensão, apresentar­am resultados positivos.

Entre estas, o grande destaque vai para a Dromeas SA, que teve 29% de ganhos. O motivo deste sucesso é o contrato de cinco anos, no valor de 30 milhões de euros, para o fornecimen­to em exclusivo do mobiliário de escritório da Comissão Europeia. O negócio foi anunciado pela empresa grega no dia 29 e segue- se a um contrato igual que já tinha assinado com Bruxelas em 2009.

Segundo o site da Dromeas, a empresa assinou, em fevereiro, um contrato de fornecimen­to de mobiliário com o exército alemão no valor de 1,75 milhões de euros.

A Comissão Europeia, através de um porta- voz, não quis comentar os resultados obtidos nesta reabertura da Bolsa de Atenas. Reunião a pedido de ministro Também na capital grega prosseguem as negociaçõe­s entre credo- res e o governo de Alexis Tsipras para a atribuição de um terceiro resgate à Grécia.

E ontem parece ter havido um entendimen­to entre as duas partes num tema muito sensível – o sistema de pensões. De acordo com fontes do Ministério do Trabalho grego, executivo e credores concordara­m que as reformas nas pensões só irão afetar quem abandone a vida ativa a partir do final de junho.

Quando os credores concordara­m, no acordo da cimeira de 12 de julho, negociar um terceiro resgate, a Grécia compromete­u- se a implementa­r medidas severas, como acabar com as reformas antecipada­s até final de outubro.

Esta segunda- feira, os líderes das missões dos credores – Comissão Europeia, Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacio­nal e Mecanismo Europeu de Estabilida­de – estiveram no Ministério do Trabalho a pedido do titular da pasta, Giorgios Katrougalo­s.

“Foi aceite e não questionad­o que todos os direitos relativos a pensões adquiridos até 30 de ju- nho não serão alterados”, declarou fonte ministeria­l.

“No que diz respeito à área laboral, o objetivo do lado grego é definir e adotar as melhores práticas baseadas no modelo social europeu e reverter a desregulaç­ão alcançada em cinco anos de resgates”, afirmou à agência de notícias ANA- MPA Giorgios Katrougalo­s, acrescenta­ndo que as negociaçõe­s decorreram num “clima construtiv­o”.

Numa entrevista dada ontem ao jornal grego Ethnos, o comissário europeu para os Assuntos Económicos afirmou que a obtenção de um acordo para o terceiro resgate ainda este mês é possível, mas sublinhou que é um objetivo “ambicioso”. “Estou a contar com os nossos parceiros gregos para que possamos cumprir um calendário ambicioso”, afirmou Pierre Moscovici. “Se todos os partidos cumprirem os seus compromiss­os de dia 12 de julho, então conseguire­mos um acordo”, acrescento­u o francês, referindo- se ao acordo feito entre Atenas e a zona euro.

A prioridade de Alexis Tsipras é conseguir concluir um acordo com os credores sobre um novo resgate até 20 de agosto, dia em que a Grécia tem de fazer um reembolso de 3,188 mil milhões de euros ao BCE, antes de um pagamento de 1,5 mil milhões de euros ao FMI em setembro. No final de julho, graças a um financiame­nto intercalar de 7,16 mil milhões de euros que recebeu do Mecanismo Europeu de Estabiliza­ção Financeira, a Grécia liquidou um pagamento em atraso de cerca de 2 mil milhões de euros ao FMI e reembolsou o BCE em 4,2 mil milhões de euros.

“Estou a contar com os parceiros gregos para que possamos cumprir um calendário ambicioso” PIERRE MOSCOVICI COMISSÁRIO EUROPEU PARA OS ASSUNTOS ECONÓMICOS

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