Diário de Notícias

Robbie Maddison. Duplo do 007 até já faz surf com uma moto

O australian­o demorou dois anos a materializ­ar aquele que considera o seu “maior feito”. Tem medo da morte, mas não quer parar

- GONÇALO LO PE S

Já saltou por cima de aviões, da Torre de Londres, cruzou as margens do canal de Corinto, na Grécia, mas agora, segundo o próprio, realizou o seu maior feito de sempre: surfou de moto as ondas de Teahupoo. Robbie Maddison, o duplo de Daniel Craig em 007 Skyfall, há muito que sonhava concretiza­r este desejo e no último domingo conseguiu- o no Taiti.

Habituado a surpreende­r tudo e todos com as suas manobras em cima de uma moto, o australian­o de 34 anos trabalhava esta ideia há cerca de dois anos. Testou mais de 50 estruturas diferentes até que, finalmente, no último fim de semana, resolveu arriscar mais um recorde, desta feita nas míticas ondas de Teahupoo, no Taiti. E conseguiu- o.

Patrocinad­o pela Red Bull, uma das principais empresas mundiais a associar- se a eventos de aventura, o australian­o, desta feita, não fez muitos testes no local da prova. Os primeiros foram realizados nas praias da sua terra natal, na Austrália. Começou com ondas peque- nas, com diferentes tipos de motos, mas o local do feito há muito que estava escolhido, o Taiti.

“Tinha de ser num local mítico do surf. É claro que havia outros, mas analisando aquilo que queríamos fazer, as condições da moto, das ondas, entendemos que Teahupoo era o local perfeito, aquele que tinha tudo aquilo que queríamos. E, no final, penso que foi a melhor escolha”, salientou o motard.

A ideia, essa, diz que veio também da sua paixão pelo... surf e ainda por influência da sua mulher, campeã mundial de wakeboard. “Faço surf desde muito novo e a minha mulher é uma campeã de wakeboard, por isso sempre que estamos em casa, na Austrália, ou estamos dentro de barcos, ou na água. Por isso, penso que a ideia original veio daí. Concretame­nte, de uma vez que estava na parte de trás de um barco a subir um rio. Lembro- me de olhar para a prancha de wakeboard e, de um momento para o outro, ter tido esta ideia. Pareceu uma ideia estúpida nesse momento, mas a verdade é que nunca desisti dela e agora posso dizer que é o meu maior feito”, referiu Robbie Maddison.

Todas as suas acrobacias levam- no a pensar regularmen­te se a sua vida está ou não em jogo. O australian­o não duvida que está. Aliás, diz mesmo que em praticamen­te todas as suas aventuras pensou na ameaça da morte.

“Nesta última, quando vi a onda atrás de mim, pensei: é desta. Pensei na minha família, nos meus amigos, no meu patrocinad­or. Pensei em tudo. É natural que assim seja, são manobras perigosas. São sempre muito trabalhada­s, não são feitas ao acaso, mas claro que são perigosas”, diz Robbie Maddison, que, ainda assim, não pensa parar tão cedo.

“Caí depois de levar com uma onda em cima e a sorte foi que tinha um helicópter­o e muitas motos de água prontas para me socorrerem. Quando cheguei ao bar- co estava em lágrimas, pois sei que provavelme­nte se não fosse toda esta segurança estaria morto. Mas depois de ver os amigos, a equipa, todos a abraçarem- se, senti que tenho sempre algo a alcançar. Agora vou descansar e pensar no que mais posso fazer”, disse o australian­o, que ainda na última passagem de ano saltou para cima do Arco do Triunfo de Las Vegas, repetindo um feito que protagoniz­ou originalme­nte em 2008.

O vídeo de Robbie Maddison a surfar a onda no Taiti, intitulado Pipe Dream, é já é um sucesso no YouTube e conta com mais de três milhões de visualizaç­ões. O novo Evel Knievel Muitos já consideram Robbie Maddison o novo Evel Knievel, um antigo duplo que encantou entre os anos 1960 e 80 com as suas acrobacias numa moto ou mesmo ao volante de um carro. E o próprio Robbie também não desmente o seu fascínio pelo antecessor norte- americao. O australian­o, porém, ainda não partiu tantos ossos. “Dizem que ele partiu ossos do seu corpo por mais de 400 vezes. Felizmente não tenho tido muitas lesões. Já parti alguns, mas muito longe desses números. Evel foi o homem que começou por me inspirar. Quando era criança lembro- me de ver muitos vídeos daquilo que ele fez ao longo da sua vida e foi com ele que percebi que a minha vida tinha de ser feita aos saltos em cima de uma moto. Lembro- me da sua morte e lembro- me perfeitame­nte de saber que ele estava gravemente doente. Quando saltei pela primeira vez o Arco do Triunfo, em 2008, dediquei- lhe esse feito. Tinha falecido em 2007 e senti que o meu próximo feito tinha de ser em sua honra”, salientou.

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O australian­o Robbie Maddison começou a surfar ainda em criança e depois apaixonou- se também pelas motos. Neste último domingo juntou duas das suas grandes paixões nas míticas ondas de Teahupoo
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