Diário de Notícias

“Está feito.” José Gonçalves cumpriu sonho de infância e já ganhou a sua Volta

Volta a Portugal. Ciclista minhoto da equipa espanhola Caja Rural partilhava com irmão gémeo o sonho de vencer uma etapa da prova rainha do ciclismo português. Triunfou no alto de Santa Luzia, mas Gustavo Veloso reforçou a amarela

- J OÃO RUEL A

Após 16 anos a sonhar e a pedalar, José Gonçalves cumpriu ontem o objetivo de vencer uma etapa da Volta a Portugal, ao ser o mais forte no sprint à chegada a Santa Luzia. O ciclista de 26 anos, natural de Roriz, Barcelos, entrou no ciclismo com 10 anos, na companhia do irmão gémeo, Domingos, e ontem foi bem- sucedido no ataque que já tinha ensaiado em etapas anteriores.

Desta vez, Gonçalves, não só soube calcular a melhor altura para desferir um ataque certeiro, a 200 metros da meta, como conseguiu bater a dupla espanhola que ameaça dominar de novo a Volta a Portugal, o camisola amarela Gustavo Veloso e o seu vice Delio Fernández, ambos da Quinta da Lixa.

“Estive sempre no sítio certo. Sei que o Delio e o Gustavo estão muito fortes, estar na roda deles é meia vitória. O objetivo era ganhar uma etapa na Volta, está feito”, celebrou o ciclista minhoto ao serviço da equipa espanhola Caja Rural, que assim foi o mais rápido nos 169,4 quilómetro­s que ligaram Braga a Viana do Castelo, terminando com uma marca de quatro horas, nove minutos e sete segundos, o mesmo tempo atribuído a Veloso e Fernández.

O português Jóni Brandão também continua a reclamar atenção e a distinção de ciclista revelação da 77. ª edição da Volta a Portugal. Ontem, voltou a entrar no sprint final e cortou a meta no 4. º lugar, a dois segundos do vencedor. Na geral, Brandão, da Efapel, continua no pódio, a 42 segundos da camisola amarela e com 11 de vantagem sobre Amaro Antunes ( LA- Antarte), ciclista que esteve ontem no centro de uma polémica.

César Fonte e Rui Sousa ( Rádio Popular- Boavista) acusaram o compatriot­a de ter assumido uma conduta perigosa na 5. ª etapa, que poderia ter provocado um acidente grave. Os “axadrezado­s” interpelar­am Antunes no alto de Santa Luzia e Rui Sousa explicou porquê. “Houve uma confusão na chegada entre o César e o Amaro. Não sei se há cortes, mas se houver tem exclusivam­ente que ver com o encostão que o Amaro deu na curva ali do fundo”, relatou.

César Fonte, por sua vez, explicou que Antunes colocou em perigo não só outros corredores como a si próprio. “O Amaro tentou cortar a trajetória e neste piso empedrado podia ter sido perigoso para nós os dois, e sobretudo para ele, que está na disputa da geral”, desabafou.

Gustavo Veloso, que pedala pela revalidaçã­o do título, assumiu que há ainda vários ciclistas lusos em condições de dar luta pela camisola mais desejada. “Não estou tranquilo, ainda faltam etapas”, realçou Veloso, que fez questão de assumir que sem o trabalho do “guarda- cos- tas” Delio Fernández provavelme­nte não teria a camisola amarela, que agarrou logo à segunda etapa.

“O Delio é um guarda- costas de luxo. Eu gostava que ele ganhasse mais alguma etapa. Se houvesse problemas entre nós os dois, hoje teria pedido ao Delio para ser segundo e ser eu a ganhar as bonificaçõ­es dele. Penso que não seria um bom colega se fizesse isso e a amizade entre nós é mais importante. Não precisamos nem de falar para saber o que há que fazer”, referiu, dizendo mesmo que acha incompreen­sível que nenhuma grande equipa contrate o compatriot­a de 29 anos.

Hoje, a 6. ª etapa da Volta a Portugal vai ligar Ovar a Oliveira de Azeméis, num traçado de 155,3 quilómetro­s que será uma boa oportunida­de para sprinters se destacarem. O percurso terá alterações face ao inicialmen­te planeado, com um acréscimo de 2,2 quilómetro­s, devido a obras nas estradas. Mas as atenções dos favoritos começam todas a apontar para a subida à Torre, quinta- feira.

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José Gonçalves desferiu um ataque certeiro a 200 metros da meta e ganhou a etapa em Viana do Castelo
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