Portugueses compraram 553 carros por dia em julho
Volkswagen ultrapassou Renault e Peugeot entre os mais vendidos. Empresas de rent- a- car compraram menos em julho
Os portugueses estão a comprar, em média, 553 carros por dia. Mais 29,2% do que nos primeiros sete meses de 2014. Mas as vendas de automóveis ligeiros de passageiros estão a desacelerar – em julho, o aumento foi de 9,7%, depois de terem subido 32,8% em junho.
“Já esperávamos este decréscimo”, diz Hélder Pedro. “Houve uma grande concentração das vendas no primeiro semestre”, explica o secretário- geral da Associação Automóvel de Portugal ( ACAP). Sobretudo “das empresas de rent- a- car, que procuraram antecipar a forte procura dos turistas antes do verão”, acrescenta Jorge Neves da Silva, da Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel ( ANECRA).
Os números poderão estar ainda a ser empolados pela matriculação de carros que não são, na realidade, vendidos, apenas para ajudar “a compor” os números do mês dos concessionários.
Seja como for, “estamos a olhar para uma base muito baixa, em que as vendas foram mesmo muito fracas”, lembra o responsável pela ANECRA. Hélder Pedro corrobora e adianta que, apesar do aumento, o número total de vendas em julho, incluindo comerciais, pesados e todo- o- terreno – 18 398 veículos – estão 19,4% abaixo da média de vendas entre janeiro e julho nos últimos 15 anos.
A Volkswagen foi a marca que mais vendeu no último mês, com 1574 carros, ultrapassando Renault e Peugeot. As três marcas reúnem cerca de 30% da quota de mercado. Mercedes e a BMW também cresceram. As duas construtoras alemãs ocupam, respetivamente, o quarto e quinto lugares. A Mercedes ultrapassou mesmo a BMW no ranking. Estão separadas por apenas sete carros – 8124 contra 8117. Representam perto de 14% do mercado.
A aposta das empresas nestas marcas justifica o crescimento verificado nos últimos anos entre as construtoras premium. “Graças ao elevado valor residual [ valor do carro após o aluguer], as empresas pagam rendas “mais baixas” do que no aluguer de um veículo de marca generalista”, explica um conhecedor do mercado ao DN/ Dinheiro Vivo.
Os consumidores, pelo contrário, voltaram a contrair- se na hora de comprar o carro. “Os rendimentos das famílias foram desviados para as férias de verão ou para o pagamento de impostos, como o IMI e o IRS”, justifica Jorge Neves da Silva.
Até ao final de 2015 espera- se que o mercado português “continue a aproximar- se da meta dos 200 mil carros vendidos”, prevê Jorge Neves da Silva. Hélder Pedro, sem indicar números concretos, espera um “crescimento médio de 20%” face a 2014, graças à esperada “renovação das frotas por parte das empresas”. Matrículas a mais “As marcas, sobretudo as do segmento premium, matriculam carros novos todos os meses para ficarem bem na fotografia”, reclama um responsável que pediu para não ser identificado. “São carros com zero quilómetros, que depois entram numa bolsa virtual para os concessionários. Eles depois podem comprar automóveis mais baratos e assim garantir mais descontos nas vendas aos clientes.”
Esta prática, embora não seja ilegal, comporta alguns riscos. “O carro, ao fim de seis meses, pode desvalorizar- se, o que é bastante arriscado para os concessionários”. A exportação é outro dos destinos dos veículos matriculados mas sem compradores. Situação com “perdas de 25% para o Estado”.
Jorge Neves da Silva propõe “conjugar a atribuição de matrículas com os registos de transferência de propriedade”. Medida para apresentar dados “mais transparentes” e evitar equívocos. “Andamos a enganar- nos. Os números de matrículas só são efetivos quando é feito o pagamento do imposto sobre veículos ( ISV )”.