Diário de Notícias

NEGÓCIO BCP E ATLÂNTICO AVANÇAM COM FUSÃO EM ANGOLA

Banca. O banco português deverá ficar com uma posição de 20%, enquanto os angolanos, liderados por Carlos Silva, serão maioritári­os. Há já planos para cotar a futura instituiçã­o numa bolsa de valores até 2019

- S Í LV I A DE OLI V E I R A

O BCP vai deixar de ter uma operação própria em Angola. Os angolanos do Atlântico, banco liderado por Carlos Silva, chegaram a acordo com a instituiçã­o presidida por Nuno Amado para a fusão dos seus bancos. “O BCP informa ter hoje [ ontem] assinado um memorando de entendimen­to com o maior acionista do Banco Privado Atlântico ( a Global Pactum – Gestão de Ativos), com vista à fusão entre o Banco Millennium Angola e o Banco Privado Atlântico, de que resultará a segunda maior instituiçã­o privada em crédito à economia, com uma quota de mercado aproximada de 10% em volume de negócios”, refere o comunicado emitido pelo BCP ( acionista minoritári­o do Global Media Group, dono do DN).

Em termos de ativos, a nova instituiçã­o angolana ocupará o quinto lugar do ranking, com uma quota de 8%, a seguir ao BPC, ao BAI, ao BIC e ao Banco de Fomento Angola ( participad­o pelo BPI).

Na futura instituiçã­o, que se deverá passar a chamar Banco Millennium Atlântico ( o nome ainda não foi decidido), o BCP passará a deter uma participaç­ão de cerca de 20%, enquanto a Global Pactum, a holding liderada por Carlos Silva, assegurará a maioria do capital com cerca de 51%. A petrolífer­a Sonangol, acionista do BCP, ficará com 15% do novo banco, enquanto o restante é assumido por outros parceiros angolanos. A operação aguarda agora pelas autorizaçõ­es das respetivas assembleia­s gerais e dos reguladore­s. A expectativ­a do BCP é a de que a operação se concretize durante o primeiro trimestre de 2016.

Desta forma, o BCP acredita reforçar a sua capacidade de cresciment­o em Angola num contexto adverso – a situação do país deteriorou- se com a queda dos preços do petróleo – ao mesmo tempo que se protege das novas regras europeias de exposição dos bancos a países terceiros, onde se inclui Angola, e que muito preocupa o BPI ( ver caixa). Esta fusão terá, segundo o BCP, um impacto positivo para

O presidente do BCP, Nuno Amado, e o presidente do Banco Privado Atlântico, Carlos Silva o banco, do qual se destaca uma subida de 37 pontos- base no rácio de capital common equity tier I em base phased- in. Fonte do BCP garante, porém, que este não foi a principal razão para a fusão em Angola. Sobre os níveis de solidez do banco, o mesmo responsáve­l sublinha o que já tinha sido dito por Nuno Amado: “O BCP não tem nenhuma intenção de ir ao mercado para fazer um aumento de capital”. No início de setembro, a Société Générale cortou o preço alvo do BCP em 32%, para 0,0645 euros, após concluir que o maior banco privado português deverá precisar de um aumento de capital de 750 milhões de euros em 2016 para devolver os fundos estatais a que recorreu.

Ao nível dos custos, as poupanças estimadas para o BCP são de 20 milhões de euros por ano, a começar já em 2016. O BCP, que detém, atualmente, mais de 100 balcões em Angola e cerca de 1200 trabalhado­res, não antecipa, porém, cortes de pessoal significat­ivos, consideran­do a falta, em Angola, de pessoal qualificad­o, bem como o plano de expansão do futuro banco, no âmbito de cresciment­o do sector previsto para o país.

Em termos de ROE ( return on equity), as estimativa­s do BCP apontam para uma melhoria de cinco pontos percentuai­s.

Além das sinergias de custos, o banco presidido por Nuno Amado destaca a forte complement­aridade entre o Millennium Angola e o Banco Privado Atlântico. Este último tem uma presença mais forte nos segmentos private, affluent e corporate, enquanto o banco do BCP se dedica, sobretudo, ao mass market, empresas e negócios.

O BCP e o Atlântico assumiram ainda o compromiss­o de cotar o novo banco numa bolsa de valores até 2019, preferenci­almente em Luanda, se esta for criada até então.

Segundo acrescenta o comunicado emitido ontem pelo BCP, foram definidos entre os dois parceiros os mecanismos que asseguram um controlo e uma gestão eficazes de risco. Os pelouros do risk office e do crédito ficam nas mãos do BCP. O banco liderado por Nuno Amado ficará com a vice- presidênci­a de um conselho de administra­ção de 15 membros, dos quais poderá nomear cinco. Na comissão executiva de sete membros poderá nomear dois, um dos quais o vice- presidente. A liderança dos dois órgãos sociais caberá ao Atlântico.

A fusão deverá ficar concluída

no primeiro trimestre de 2016

Rácio exigido pelo BCE O Banco Central Europeu ( BCE) já informou o BCP do rácio de capital indicativo individual common equity tier 1 que tem de apresentar. E o maior banco privado português está confortáve­l pois cumpre o requerido. “O BCE já informou o Millennium bcp do valor indicativo do rácio de capital. O Millennium bcp está confortáve­l, cumpre o requerido”, garantiu fonte próxima do banco de Nuno Amado. No âmbito da nova arquitetur­a europeia, o BCE exige mínimos de rácios de capital para cada banco.

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