Sampaio da Nóvoa fica na luta a Belém. Com críticas a Cavaco e elogios aos outros três presidentes
CANDIDATURA “Tendo em conta o resultado das eleições legislativas, ficou mais clara do que nunca a urgência” de ir até ao fim
Antigo reitor diz que falta um “Presidente que seja capaz de representar todos os portugueses” O candidato presidencial António Sampaio da Nóvoa chamou ontem a comunicação social para dizer que vai até ao fim. “Tendo em conta o resultado das eleições legislativas, ficou mais clara do que nunca a urgência desta candidatura”, disse na sua declaração sem direito a perguntas.
Segundo Nóvoa, “faz falta um Presidente da República que seja capaz de representar todos os portugueses e de construir compromissos históricos num tempo tão exigente da nossa vida coletiva”. A afirmação tem uma razão de ser. O candidato começou por criticar a intervenção de Cavaco Silva, feita “antes de serem definitivamente conhecidos os resultados eleitorais e antes de terem sido recebidos os partidos políticos”. “Eu teria agido de modo diferente”, atirou o antigo reitor da Universidade de Lisboa.
Sampaio da Nóvoa apontou ao Presidente o facto de não se ter referido, “com a centralidade necessária, à Constituição da República Portuguesa”. “A interpretação dos resultados eleitorais deve ser feita na sua plenitude, com indepen- dência, sem leituras parciais ou parcelares. Para enquadrar os limites da sua intervenção, o senhor Presidente da República mencionou vários tratados, regras e compromissos do nosso país, no plano europeu e atlântico, mas não se referiu, com a centralidade necessária, à Constituição”, explicou. “Todos os votos têm legitimidade” E notou que Cavaco Silva não pode colocar “à margem da solução das soluções de governação”, como fez com o seu discurso, “nenhum partido representado na Assembleia da República”. “Todos os votos têm a mesma legitimidade”, defendeu.
Sem se referir à indicação de liberdade de voto dada pelo PS aos seus militantes, Sampaio da Nóvoa fez uma análise dos resultados em que se aproximou dos quatro pontos essenciais para uma futura governação, reivindicados pelo secretário- geral socialista, António Costa, no discurso da noite eleitoral. “A interpretação dos resultados parece- me clara. Os portugueses manifestaram a vontade de, prudentemente, virar a página da austeridade e de construir políticas de desenvolvimento económico e de justiça social, num quadro de inovação e de defesa do Estado social”, declarou o candidato.
Sampaio da Nóvoa completou a ideia dizendo que os portugueses manifestaram também o “desejo de continuidade na relação com a Europa” ainda que com reforço da autonomia no seio das instituições.
Num momento em que no interior do PS se contam espingardas nos apoios, com o anúncio da candidatura de Maria de Belém a 13 de outubro, Sampaio da Nóvoa recordou o exemplo dado pelos três presidentes da República de esquerda ( Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio), de quem recebeu “o estímulo e o apoio no lançamento” da sua candidatura.
Ao apontar que já está no terreno “há mais de cinco meses”, Nóvoa disse ir até ao fim. “Vou bater- me pela República em que acredito.”