Diário de Notícias

Ensino vocacional deixa de ser experiênci­a e chega a todas as escolas

Educação. Neste ano estão já a funcionar mais 1700 turmas, com mais de 35 mil estudantes. A portaria agora publicada alarga oferta a todo o país

- A NA B E L A F E R R E I R A

Depois de três anos de experiênci­a- piloto, Nuno Crato vai levar o ensino vocacional a todas as escolas do país. Pois está provado o “impacte positivo” desta via “no combate ao abandono e na promoção do sucesso escolar, na inclusão dos jovens em risco de abandono, no cumpriment­o efetivo da escolarida­de obrigatóri­a”, como se pode ler na portaria que é hoje publicada em Diário da República. Esta formação começou no ensino básico ( do 5. º ao 9. º anos, ou seja, 2. º e o 3. º ciclos) em 2013- 2014 apenas como experiênci­a- piloto, mas neste ano já chega a mais de 27 mil alunos.

O vocacional, que permite aos alunos com mais de 13 anos e pelo menos uma retenção aprender um ofício, ao mesmo tempo que mantém a carga horária em disciplina­s estruturai­s ( Português, Matemática, Inglês e Ciências), vai estar disponível para todas as escolas do país e não apenas para as aprovadas na experiênci­a- piloto. Nuno Crato publi- ca hoje a portaria que acaba com a fase de testes e passa a incluir esta via no leque de ofertas formativas do ensino obrigatóri­o.

Estão a frequentar o vocacional mais de 35 mil alunos, do básico e secundário, integrados em mais de 1770 turmas, segundo dados do Ministério da Educação e Ciência ( MEC). Uma oferta que abrange mais alunos do básico do que do secundário, em que a experiênci­a arrancou um ano mais tarde. No ano passado “frequentav­am esta oferta formativa mais de 26 mil alunos, distribuíd­os por 1260 turmas no básico ( 24 410 alunos) e 104 no secundário ( 2154 alunos)”, indicou ao DN a coordenado­ra do vocacional Isabel Hormigo.

Neste ano, “esta oferta irá triplicar no secundário e aumentar em mais de duas centenas de turmas no ensino básico”. As turmas que agora estão a funcionar podem, se quiserem, de acordo com a portaria publicada hoje, a que o DN teve acesso, deixar de estar integradas na experiênci­a- piloto e passar para o regime geral de ofertas formativas.

Esta alteração não muda as condições aplicadas aos alunos desde o primeiro ano. Ou seja, o vocacional do 2. º ciclo só pode ser frequentad­o a partir dos 13 anos e depois de um chumbo. No secundário, só maiores de 16 são elegíveis. Todos os estudantes indicados têm de ser avaliados por um psicólogo antes e ao longo da formação, e só podem frequentar os cursos com autorizaçã­o dos pais.

A avaliação psicológic­a é um dos pontos focados no relatório final da comissão de avaliação da experiênci­a- piloto, a que o DN teve acesso. Nomeadamen­te “a necessidad­e de garantir que todas as escolas têm psicólogos disponívei­s não só para o processo de seleção e encaminham­ento dos alunos mas também para o seu acompanham­ento ao longo do ano”.

A entrada do ensino vocacional para a lista de ofertas formativas do ensino obrigatóri­o deveu- se não só às avaliações positivas internacio­nais e nacionais mas também aos números apresentad­os pelos intervenie­ntes. “Podemos referir bons níveis de empregabil­idade para os primeiros alunos finalistas dos cursos do secundário. Após uma primeira sondagem, estimamos níveis da ordem dos 71,1%, o que supera a de outras ofertas profission­alizantes. ( O valor apurado através do inquérito OTES, para este mesmo indicador para os cursos profission­ais, foi de 67,1%)”, indica Isabel Hormigo.

Além disso, o abandono escolar ficou abaixo dos 5% no ano passado para o básico e 12,5% para o secundário. A Direção- Geral de Estatístic­as da Educação diz que os números são provisório­s e devem, tal como nos anos anteriores, baixar. As taxas de retenção e abandono básico e secundário geral rondam os 15%. O relatório da comissão de avaliação fala da “opinião relativame­nte positiva” dos pais, “com cerca de um terço a afirmar que os filhos estão mais motivados para ir para a escola. Quando questionad­os sobre o prosseguim­ento de estudos, 83% dos alunos do básico dizem que pretendem continuar a estudar e apenas 6% dizem que não o pretende fazer. Entre os alunos do secundário, há 54% a declarar que pretendem continuar a estudar”.

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