Diário de Notícias

Constituci­onal “abriu portas a regresso das 35 horas semanais”

AUTARQUIAS Tribunal considera que acordos coletivos celebrados pelo governo violam princípio da autonomia da administra­ção local

- Lusa

O Sindicato dos Trabalhado­res da Administra­ção Pública ( Sintap) considerou que a inconstitu­cionalidad­e da participaç­ão do governo nos acordos coletivos nas autarquias abre caminho ao regresso às 35 horas de trabalho noutros setores públicos logo que a contrataçã­o coletiva seja descongela­da.

O Tribunal Constituci­onal ( TC) considerou inconstitu­cional que os membros do governo celebrem acordos coletivos de entidade empregador­a pública ( ACEEP) nas autarquias, por tal configurar uma violação do princípio da autonomia do poder local, segundo decisão hoje conhecida. “Uma decisão importantí­ssima. Quando temos razão, nem que seja tarde. Fez- se justiça aos trabalhado­res da administra­ção pública e, neste caso, das autarquias”, disse José Abraão, do Sintap.

De acordo com o sindicalis­ta, esta decisão abre a porta a que se possa voltar às 35 horas de trabalho semanais, através da negociação entre sindicatos e organismos com autonomia da administra­ção central, como escolas, ou nos setores da saúde e da segurança social e todos os institutos onde haja negociação coletiva.

Os trabalhado­res destes serviços, “desde que o governo abra as portas para a negociação coletiva, que até agora tem estado congelada (...), poderão voltar às 35 horas, porque vamos enviar propostas a todos os empregador­es públicos, sejam da administra­ção local sejam, nalguns casos, da administra­ção autónoma”, declarou.

José Abraão afirmou estar convencido de que o governo não quererá “ter dois pesos e duas medidas” para os funcionári­os públicos e que, por outro lado, a Assembleia da República “aprovaria uma lei que entrasse” para o regresso do horário de trabalho às 35 horas.

O Sintap foi um dos sindicatos que pediram ao Provedor de Justiça que requeresse a verificaçã­o da constituci­onalidade da decisão do governo de assinar todos os acordos ACCEEP antes da sua publicação. “E, portanto, esta decisão do tribunal, com força geral e obrigatóri­a, diz- nos que o governo terá de publicar todos os ACEEP que até agora recusou, porque não faz sentido que tenha colocado como exigência a necessidad­e da sua assinatura”, defendeu o sindicalis­ta.

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