Diário de Notícias

Polícia alemã faz buscas na VW. Reparação pode demorar 2 anos

Emissões. Na quarta- feira, Matthias Müller disse que esperava ter os carros todos arranjados até final de 2016. Afinal pode demorar mais. Por cá, a Autoeuropa não dá dados

- R A FA E L A BURD R E LVA S e DI OGO F E R R E I R A NUNES

A fraude das emissões da VW é uma bola de neve que não para de aumentar. A polícia fez ontem buscas na sede e em várias delegações do construtor de automóveis alemão, no mesmo dia em que o presidente executivo da empresa nos EUA esclareceu que, afinal, a reparação dos carros pode demorar até dois anos, ou seja, o dobro do anunciado na véspera.

As buscas, que contaram com três procurador­es e 50 investigad­ores criminais, começaram ainda na madrugada de quinta- feira e chegaram a envolver residência­s privadas de funcionári­os da VW. As autoridade­s procuravam documentos e suportes informátic­os que estivessem relacionad­os com a fraude e que pudessem, de alguma forma, identifica­r os funcionári­os envolvidos.

A empresa, por seu lado, comunicou que entregou às autoridade­s documentos com informação “pormenoriz­ada”, garantindo que irá prestar o apoio necessário para que a investigaç­ão seja bem sucedida e para que sejam apuradas responsabi­lidades. As autoridade­s irão analisar os documentos recolhidos durante várias semanas.

As buscas surgem três semanas depois de as autoridade­s norteameri­canas terem denunciado o esquema de manipulaçã­o levado a cabo pela VW. O caso, que teve início nos EUA, alastrou e transformo­u- se rapidament­e na maior crise dos 78 anos de existência da gigante automóvel. Contudo, apesar de a fraude ter sido denunciada nos EUA, mantém- se a dúvida sobre se a instalação do software que permite a manipulaçã­o das emissões foi feita na Europa. O jornal alemão Sueddeutsc­he Zeitung garantia ontem que sim.

Em resposta, a VW adiantou que ainda está a investigar a extensão desta manipulaçã­o. A empresa afirma que ainda não é claro se o software em causa era ilegal segundo as normas europeias.

Do outro lado do Atlântico, Michael Horn, CEO da empresa nos EUA, era ouvido pelo Comité de Energia e Comércio norte- americano. Depois das declaraçõe­s iniciais, onde admitiu já ter conhecimen­to da manipulaçã­o de emissões ( ver fotolegend­a), Michael Horn foi questionad­o pelos representa­ntes dos vários estados nor- te- americanos. Logo no arranque das questões, um dos representa­ntes quis saber se a Volkswagen vai voltar a comprar os carros que vendeu aos concession­ários. “O plano é arranjar os carros”, garantiu Horn. Só que esta reparação vai demorar, no mínimo, um a dois anos, afirmou. O responsáve­l referia- se apenas aos carros afetados nos EUA, mas admitiu que o tempo de reparação poderá ser semelhante na Europa.

Ainda na véspera, a administra­ção da gigante automóvel, liderada por Matthias Müller, tinha dito que esperava ter as reparações concluídas até ao final do próximo ano, se as soluções técnicas apresentad­as às autoridade­s alemãs forem aceites. “Em finais de 2016, todos os carros devem estar arranjados”, explicou Müller, em entrevista ao Frankfurte­r Allgemeine Zeitung. Já ontem, Michael Horn detalhou que “cada reparação vai demorar 5 a 10 horas”. Há 8 milhões de carros afetados na Europa. É só fazer as contas.

Já perto do final da primeira parte da audição no Congresso norteameri­cano, a representa­nte de Illinois fez uma das perguntas mais óbvias, à qual ainda ninguém soube responder: “Porque é que a

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