Diário de Notícias

Lisboa abdica de 1,5 milhões para ajudar 33 mil famílias

IMI familiar. Câmara mantém imposto mínimo ( 0,3%) e dá desconto a famílias com filhos. Executivo prevê receita fiscal de 313,8 milhões em 2016

- I NÊS B A NHA

A Câmara Municipal de Lisboa quer que, no próximo ano, as famílias com filhos paguem menos imposto sobre a casa. Razão pela qual vai aderir ao imposto municipal sobre imóveis ( IMI) familiar, que prevê uma redução de 10%, 15% e 20% para quem tenha um, dois ou três ou mais filhos. O que significa esta redução? Uma família que vive numa casa com um valor patrimonia­l de 90 mil euros e em que a taxa de IMI fixada pela autarquia é de 0,3%, em vez dos atuais 270 euros de imposto pagará 243 euros se tiver um filho e 229,5 euros se tiver dois.

A medida abrange 33 mil famílias e aproveita a possibilid­ade aberta pelo governo no Orçamento do Estado para 2015, permitindo que as autarquias reduzam o valor em fun- ção do agregado. O IMI familiar faz parte da proposta de orçamento do município que será debatida e votada pelo executivo no dia 21, sendo considerad­o positivo pelo principal partido da oposição ( PSD).

No total, o orçamento municipal deverá ter uma dotação de 723,9 milhões de euros, mais 25,4 milhões do que em 2015. “É um orçamento que tem como ponto fundamenta­l o apoio às famílias”, salientou ao DN, já depois de ter terminado a conferênci­a de imprensa de apresentaç­ão do documento, o vereador das Finanças. Exemplo disso, adiantou João Paulo Saraiva, eleito pelos Cidadãos por Lisboa na lista do PS, são as propostas de manutenção da taxa mínima de IMI permitida ( 0,3%) e a adoção do IMI familiar. O benefício, automático, deverá atingir os 1,5 milhões de euros.

Para beneficiar­em do desconto, os residentes em Lisboa – como nas mais de cem autarquias que já aderiram, onde se inclui, por exemplo, Viana de Castelo, Braga ou Abrantes – não terão de se candidatar ou requerer nada. Será a Autoridade Tributária a fazer o cruzamento dos dados enviando já o pedido de pagamento com a redução. Orçamento com mais receita “Congratula­mo- nos com esta medida”, disse ao DN o social- democrata António Prôa. O autarca mostrou- se, porém, “muito preocupado” com o “aumento de receitas dos impostos e taxas” previsto na proposta que, após ser aprovada na CML, terá ainda de ser validada pela Assembleia Municipal de Lisboa. De acordo com a Lusa, a autarquia deverá arrecadar em impostos diretos 313,8 milhões de euros, mais 23,9 milhões do que neste ano. Já a nível de taxas, multas e outras penalidade­s, passa de 59,6 milhões para 66,3 milhões. As previsões de vendas de bens de investimen­to, como património, quase duplicam de 22,9 milhões para 41,9 milhões de euros.

Uma das novas cobranças será a componente de alojamento da taxa de turística, que esteve já em vigor neste ano nas chegadas ao aeroporto ( ver fotolegend­a). Na apresentaç­ão do documento, o vereador das Finanças precisou ainda que “aumenta o IMT [ imposto municipal sobre as transmissõ­es onerosas de imóveis]” e que “há uma receita que tem que ver com a alienação de património”, nomeadamen­te “com o impacto da [ antiga] feira popular”, cujos terrenos deverão ser vendidos ainda neste mês por pelo menos 136 milhões. Continuará ainda em vigor a cobrança da taxa municipal de proteção civil, liquidada pela primeira vez neste mês pelos proprietár­ios de prédios urbanos e que deverá render 18,9 milhões anuais.

Em contrapart­ida, manter- se- á em 2016 a isenção na derrama ( imposto municipal que incide sobre o lucro tributável de entidades coletivas) para empresas com volume de negócios inferior a 150 mil euros e atividades de restauraçã­o e pequeno comércio com um volume de negócio inferior a um milhão e devolução aos munícipes de 2,5% do IRS, ambas em vigor desde 2013.

O DN tentou ouvir, sem sucesso, a vereação do PCP. O centrista João Gonçalves Pereira limitou- se a lamentar que não tenha existido uma apresentaç­ão prévia da proposta aos partidos da oposição.

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