“Não estou só sentado numa torre de marfim a gerir”
Além de ser o CEO Global da Bonhams, ainda dirige leilões. Mantém essa atividade pelo prazer que lhe proporciona ou porque quer estar próximo da ação? Tenho vários motivos. De certa forma, funciona como uma antena de televisão: permite- me captar coisas que poderiam escapar. Estando no local, podemos ter um leilão muito bem- sucedido, em que vendemos a maioria dos artigos colocados, mas apercebemo- nos se isso é feito com grande dificuldade ou se – pelo contrário – é relativamente fácil. Estar ali permite- me captar alguma coisa sobre o mercado que é visceral, que não está lá no papel nem em nenhum dado. É uma coisa que sentimos apenas quando estamos lá, em leilão. E é muito importante poder fazer isso. É algo que o ajuda a tomar decisões quando está novamente na sua cadeira de executivo? Sim. Dá- nos essa perceção do que é o mercado. E o facto de estar em contacto, e de os nossos trabalhadores saberem que estou em contacto, também é muito importante. Não estou só sentado numa torre de marfim a gerir um negócio, a olhar para folhas de cálculo do Excel e a tomar decisões baseadas em números. Estar em contacto com o que eles fazem é muito importante. Não me limito a fazer leilões de joalharia, também faço outros leilões, por isso continuo muito envolvido no mercado. É então sobretudo para se manter por dentro que continua a ser leiloeiro, além de CEO? Não tem nada que ver com a satisfação de lidar com aquele ambiente característico? Bom, para dizer a verdade há mais uma razão para que o continue a fazer: é que os leilões demoram muito tempo, umas duas a três horas, e é um tempo em que não podemos atender o telefone, não podemos ir consultar o e- mail, não podemos fazer nenhuma dessas coisas. E além disso, todo o teu pessoal tem de te tratar por Sir durante a duração do leilão... Os leilões ajudam- no então a descomprimir das tarefas mais burocráticas do dia- a- dia? É engraçado mas, com que f requência é que podemos fugir às folhas de cálculo, quando é que não temos de responder a e- mails? De certa forma é de facto um tempo de descanso, porque hoje em dia, mesmo quando estamos a bordo de um avião, a maioria tem ligações de wi- fi. Não há como fugir.