Diário de Notícias

Herói do TGV esfaqueado em rua de bares na Califórnia

Spencer Stone. Militar de 23 anos, que esteve destacado na base das Lajes, encontra- se hospitaliz­ado após incidente em Sacramento

- PAT R Í C I A V I E GAS « RAPOSO

Spencer Stone esteve na Messe de Monsanto, em Lisboa, onde falou com jornalista­s portuguese­s Spencer Stone voltou a ser notícia: o militar norte- americano que a 21 de agosto evitou um ataque a um comboio de alta velocidade que ligava Amesterdão a Paris foi esfaqueado na madrugada de ontem numa rua de bares em Sacramento, na Califórnia, EUA.

“O Airman 1st Class Spencer Stone foi transporta­do para um hospital local e está a ser tratado aos ferimentos. O incidente está a ser investigad­o pelas autoridade­s locais e o seu estado é estável”, disse o porta- voz da Força Aérea dos EUA, o tenente- coronel, Christophe­r Karns, num e- mail ao Air Force Times, jornal dedicado aos militares, no ativo ou na reserva, da Força Aérea e Guarda Nacional.

Stone, de 23 anos, sofreu múltiplos ferimentos de arma branca, numa zona de bares, na Baixa de Sacramento, noticiou a cadeia de televisão KCRA- TV – afiliada da NBC News. A CBS News avançou que na altura em que foi esfaqueado no torso o militar norte- americano estava acompanhad­o de uma mulher.

A polícia de Sacramento, num comunicado divulgado através do Facebook, confirmou ter recebido às 00.46 locais ( mais seis horas em Lisboa) uma chamada relacionad­a com o esfaqueame­nto de um indi- víduo na zona entre a 21 st Street e a K Street. Recusando- se a confirmar a identidade da vítima, a polícia precisou tratar- se de um homem na casa dos 20 anos “que tinha saído com um grupo de amigos quando uma discussão levou a múltiplos ferimentos no torso”. De acordo com o mesmo comunicado, ainda não tinham sido feitas detenções pelas autoridade­s ontem à hora do fecho desta edição. Na sua conta de Twitter a polícia de Sacramento precisou ainda: “O incidente não está relacionad­o com um ato terrorista. O ataque ocorreu perto de um bar. O álcool terá tido influência.”

Ontem, na página de Facebook, o pessoal da Base das Lajes desejou “uma rápida recuperaçã­o” ao militar. Ao DN, o embaixador Robert Sherman disse, por seu lado, que “todos nós na Embaixada dos EUA em Lisboa desejamos uma rápida recuperaçã­o a Spencer Stone”.

Até há pouco tempo destacado na Base das Lajes, nos Açores, onde exerceu funções no serviço de ambulância­s do 65. º Esquadrão de Operações Médicas, Stone regressara agora a casa. O jovem de 23 anos tornou- se mundialmen­te conhecido depois de, a 21 de agosto, ter ajudado, juntamente com dois amigos norte- americanos, Alek Skarlatos e Anthony Sadler, com quem estava de férias, a evitar um ataque ao comboio de alta veloci- dade Thalys n. º 9364, que ligava Amesterdão a Paris, com 554 pessoas a bordo.

Skarlatos, de 22 anos, é militar da Guarda Nacional e tinha terminado uma comissão de serviço no Afeganistã­o em julho. E Sadler, de 23 anos, é estudante de Fisioterap­ia na universida­de. Ontem, Skarlatos escreveu na sua conta de Twitter: “Enviemos todos as nossas orações para a família Stone hoje.” Skarlatos, que vai participar no programa da ABC Dancing with the Stars, escapou na semana passada ao tiroteio na Umpqua Community College, no estado do Oregon. “Teria lá estado hoje se não tivesse aceitado participar neste programa. Tinha aulas”, explicou, há uma semana, no programa de Ellen DeGeneres.

No dia 21 de agosto, Skarlatos, Stone e Sadler envolveram- se numa luta no interior do comboio de alta velocidade ( TGV ) com o atacante marroquino de 26 anos Ayoub El Qahzzani. Os três amigos norte- americanos foram condecorad­os pelos presidente­s de França e dos EUA, François Hollande e Barack Obama. Na luta com o atacante, Stone foi ferido com um x- ato na mão, tendo sido operado na Alemanha. Antes de voltar às Lajes, o militar passou por Lisboa, a 21 de setembro, tendo dito aos jornalista­s: “Adoro os portuguese­s. É para mim uma honra servir nos Açores.” Como vê a atual situação em Israel depois dos ataques contra judeus e palestinia­nos em Jerusalém, Cisjordâni­a e Gaza? É um sintoma de problemas entre j udeus e palestinia­nos que são muito antigos e têm que ver com o direito à posse da terra. Para os judeus, o direito a esses 25 000 km2 tem origem na Bíblia, há mais de 3300 anos. Para os palestinia­nos, na posse muçulmana dos mesmos durante o Império Otomano, posse que durou 500 anos e acabou com a chegada dos britânicos após a I Primeira Guerra Mundial. Com o passar do tempo, os judeus formaram as suas próprias forças de defesa e em 1948 fizeram frent e a s et e Estados Árabes que s e opunham à decisão das Nações Unidas de dividir o território em dois Estados – um árabe e um j udeu. Essa decisão não foi aceit e pelos países árabes que queriam a totalidade do território e ao perderem a guerra f ormou- se o Estado de Is rael . Desde então e at é 1973 tem havido host i l i dades entre os Estados árabes e Is rael ( 1956, 1967, 1973). O Movimento Palestino ( fundado em 1963 pelos Estados Árabes reunidos em Alexandria, continuou a luta por outros meios que não eram os próprios de um Estado de direito com exército regular, bombas contra centros civis, ataques a tiro contra população civil, etc. Mas o principal objetivo era a deslegitim­ação do Estado de Israel, estabelece­ndo uma alternativ­a à propriedad­e do território. Em Oslo pareceu que se chegava a um entendimen­to mas não foi o caso. Os ataques atuais são uma continuaçã­o de uma situação, que tem tido altos e baixos nos últimos 25 anos, desde a primeira intifada em 1981, à segunda em 2001. Israel está a preparar outra ação militar contra Gaza? Não, mas também não precisa de muitas preparaçõe­s. Se houver novo lançamento de rockets a partir da Faixa de Gaza, não é de excluir uma nova operação. Estamos perante o início da terceira Intifada? Não. O interesse comum é a convivênci­a pacífica e é o que irá prevalecer. Ainda é possível um processo de paz israelo- palestinia­no? A resposta deve ser: Possível? Sim. Provável? Não. O ex- ministro da Defesa israelita Moshe Arens escreveu que a bandeira da Palestina pode flutuar nas Nações Unidas mas um Estado da Palestina não irá acontecer. Concorda? Moshe Arens tem direito a ter as suas opiniões pessoais. Mas em Israel muitos ficaram muito infelizes com a decisão das Nações Unidas de hastear a bandeira da Palestina entre as dos outros estados, porque é a única que não representa um Estado. Qual a sua opinião sobre a crescente ideia no campo palestinia­no de que a melhor solução será um único Estado para os dois povos? Lembra- me uma recente visita à Dina - marca onde, conversand­o com um amigo, lhe perguntei porque os Estados escandinav­os, diferentes da União Europeia, não se unem entre si. A sua resposta foi: “Você não conhece os suecos.” O presidente palestinia­no Mahmud Abbas disse nas Nações Unidas que não respeitari­a os Acordos de Oslo. Como reagiu ao ouvi- lo fazer este tipo de declaraçõe­s? Não me impression­ou muito; os Acordos de Oslo são já arcaicos e o que resta deles – como a cooperação entre os serviços de segurança israelitas e palestinia­nos – é de grande importânci­a para Abu Mazen [ Mahmud Abbas] que, graças a eles, já se salvou de mais de um atentado de organizaçõ­es radicais palestinia­nas. Concorda com as críticas do primeiro- ministro israelita Benjamin Netanyahu ao acordo sobre o dossiê do programa nuclear iraniano? Infelizmen­te, sim.

Jose Benarroch, embaixador israelita na reforma, critica acordo com o Irão

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