A vida da família de Zeca Afonso vai dar um filme
ROSAS DE ERMERA Luís Filipe Rocha partiu para Timor, com a irmã de Zeca e João Afonso dos Santos para rodar documentário
A irmã de Zeca Afonso, Maria das Dores, regressa amanhã a Timor- Leste, quase 70 anos depois de ter partido do território, onde chegou a estar detida com os pais, durante três anos, num campo de concentração japonês. A história da vida de “Mariazinha”, dos seus irmãos, João e José ( Zeca), e dos pais é o fio condutor do documentário Rosas de Ermera, uma longa- metragem que está a ser realizada por Luís Filipe Rocha, numa produção da Fa - do Filmes.
No material de promoção do documentário, Luís Filipe Rocha destaca que a sua amizade com os Afonso dos Santos “permitiu conhecer com alguma profundidade as aventuras e desventuras de uma fascinante saga familiar”. “Tendo como pano de fundo a História de Portugal e da Europa, de Timor e do Mundo, entre 1939 e 1946, o tema principal do documentário será a revelação, no verdadeiro sentido cinematográfico, das memórias de Maria das Dores, de João Afonso dos Santos e do irmão já falecido, Zeca Afonso”, explica.
Depois de filmagens em Moçambique, onde a família se separou, Luís Filipe Rocha chega na sexta- feira a Díli para dez dias de filmagens no país que marcou a infância de Mariazinha. A história começa em 1939 quando os pais e Maria das Dores Afonso dos Santos, então com 7 anos, partem para Timor- Leste, onde o pai vai assumir o cargo de juiz e os dois filhos do casal, João e José Afonso, de 11 e quase 10 anos, seguem para Portugal. Dois meses depois dessa separação, a 1 de setembro de 1939, a Alemanha invade a Polónia e, dois dias depois, a Grã- Bretanha, a França, a Austrália e a Nova Zelândia declaram guerra à Alemanha, iniciando- se a Segunda Guerra Mundial. O Japão junta- se à guerra em dezembro de 1941 e a 20 de fevereiro do ano seguinte invade e ocupa a ilha de Timor.
A “vida serena” em que Maria das Dores “era a única e solitária criança” vê- se transformada pela chegada da guerra e a “aterradora noite da invasão japonesa”. Mariazinha recorda até hoje o cheiro a rosas em Ermera, o coração da região do café timorense, a sudoeste de Díli e onde passou férias com os pais – só se reencontra com os irmãos seis anos depois, em fevereiro de 1946.