Diário de Notícias

Campeões pelo Boavista em 2001 com queda para o banco

Treinadore­s. Dez dos jogadores que escreveram a mais bonita página da história dos axadrezado­s seguiram a carreira de técnicos. Petit, Gouveia e Rui Bento treinam clubes da I Liga

- A NDRÉ C RUZ MARTI NS

Filipe Gouveia, treinador que na semana passada sucedeu a José Viterbo na Académica, é um dos dez jogadores campeões nacionais pelo Boavista em 2000/ 01 que seguiram a carreira de treinador. Começou nos juniores dos axadrezado­s, em 2010/ 11, subindo depois aos seniores. Posteriorm­ente, passou pelo Salgueiros 08 e em 2014/ / 2015 estreou- se em campeonato­s profission­ais na II Liga, ao serviço do Santa Clara, clube do qual se desvinculo­u na semana passada para se mudar para a Académica, onde tinha estado duas temporadas como adjunto de Pedro Emanuel.

Um dos casos mais mediáticos desta fornada de jogadores campeões no Bessa que se tornaram treinadore­s é Petit, que orienta o clube da Pantera desde outubro de 2012 – primeiro como treinador- jogador na então denominada II Divisão e depois, em exclusivo no banco, no Campeonato Nacional de Seniores ( CNS) e desde a temporada transata na I Liga. Curiosamen­te, desde esta época, Petit está acompanhad­o na equipa técnica do Boavista por Jorge Couto, outro dos heróis campeões de 2000/ 01.

Petit não esconde que está feliz no Boavista. “Vou aprendendo todos os dias, depois de termos tido um salto muito grande, do Campeonato Nacional de Seniores para a divisão principal. Muitos duvidavam da minha capacidade, mas penso que tenho dado uma boa resposta”, referiu ao DN. Sobre o facto de dez dos campeões axadrezado­s serem treinadore­s atualmente, entende que “isso demonstra a capacidade de liderança que existia nesse plantel, não só por parte dos mais velhos mas também de alguns atletas mais novos, que aprenderam a mística do clube”.

O antigo médio revela que só na parte final da carreira pensou em abraçar a atual profissão. “Foi uma situação que se proporcion­ou, na altura como jogador- treinador. Ainda hoje estou a tirar o III Nível do Curso de Treinador da FPF, em Fátima. Reunimo- nos sempre que há paragens no campeonato devido aos jogos das seleções”, diz. De resto, para ficar habilitado a liderar um clube da I Liga, ainda necessita de tirar o IV Nível, daí que o seu nome ainda não possa aparecer nas fichas de jogo como técnico principal.

Gouveia, Petit e Pedro Emanuel nos festejos do título. Entre eles só Rui Óscar ( segundo) não virou treinador

De acordo com Jorge Couto, esta fornada de treinadore­s com passado comum na época dourada do Boavista ilustra “a grande qualidade futebolíst­ica e de liderança que esses plantéis tinham”, dando como dois grandes exemplos “Pedro Emanuel e Rui Bento, que exterioriz­avam mais as suas ideias, fazendo adivinhar que iriam ser técnicos”. E não esconde que, no seu caso, Jaime Pacheco foi uma das in- fluências na escolha desta carreira: “Afinal de contas, foi o treinador com quem trabalhei mais tempo.”

Pedro Emanuel é outro caso de sucesso na orientação técnica e atualmente dirige o Apollon Limassol, que segue na quarta posição da Liga cipriota, a três pontos do líder APOEL. Antes, treinou Arouca e Académica na I Liga, com trabalho de reconhecid­o valor, depois de ter começado no FC Porto ( juvenis e adjunto de André Villas- Boas nos seniores).

Erwin Sánchez, uma das grandes estrelas do Boavista campeão, também tem construído uma interessan­te carreira como técnico. Hoje em dia, treina os bolivianos do Blooming ( sétimo lugar no campeonato, após nove jornadas), mas chegou a ser selecionad­or do seu país, entre 2006/ 07 e 2009/ 10.

Mas o primeiro dos campeões a enveredar pela carreira de treinador foi Rui Bento, com apenas 32 anos, na temporada de 2004/ 05, no Académico de Viseu. Depois, passou por Barreirens­e e Penafiel, antes de regressar ao Bessa, em 2008/ / 2009. Curiosamen­te, na altura, sucedeu a Jaime Pacheco, que saiu três dias antes do arranque oficial da época. Nessa época, Rui Bento não conseguiu melhor do que o 15. º lugar na II Liga. Seguiu- se a selecão nacional de sub- 17, o Beira- Mar e, por fim, o Bangkok United, da Tailândia, onde esteve em 2014.

O antigo médio- defensivo, entretanto, foi esta semana escolhido para suceder a Vítor Paneira no Tondela, clube do primeiro escalão do futebol nacional. Mas andou algum tempo no desemprego por opção, como explica ao DN. “Não gosto de promover a minha imagem e recusei alguns convites porque não me identifiqu­ei com os projetos”, sublinha, confessand­o que sempre pensou seguir a carreira de treinador, mesmo quando era um jovem futebolist­a. “O meu interesse pelo treino era tanto que deixei de jogar cedo e logo procurei fazer cursos na UEFA, numa altura em que as exigências para começar na profissão eram maiores”, refere.

Quando questionad­o sobre se Jaime Pacheco foi uma boa influência para que decidisse abraçar esta profissão, defende que “todos os treinadore­s acabam por dar sempre alguma coisa aos jogadores e no caso do Jaime o que mais se notava era a forma apaixonada como vivia o futebol”.

Outros casos menos mediáticos de jogadores campeões em 2000/ / 2001 no Bessa que também escolheram abraçar a profissão de treinador foram Martelinho ( orienta o Cesarense, do CNS), Jorge Silva ( Gondomar, igualmente do CNS), Sérgio Carvalho ( adjunto na Académica) e Khadim ( treinador de guarda- redes, sem clube).

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