Diário de Notícias

EURO 2016

Portugal venceu a Dinamarca e apurou- se para o Europeu

- RUI F R I A S GRUPO I

Quem diria. Portugal assegurou ontem, com uma inédita sexta vitória consecutiv­a numa fase de apuramento, a presença no próximo Europeu de 2016, a realizar em França. E fê- lo de forma antecipada, a uma jornada do final deste grupo I, dando- se ao raro luxo de viajar para a Sérvia sem contas para fazer nem sofrimento para passar no último jogo de qualificaç­ão, ao contrário do que costuma ser a sina histórica da seleção. Quem diria, repita- se, numa caminhada que começou da pior forma com uma derrota chocante aos pés da Albânia, em Alvalade. Mas foi esse choque que despertou a mudança fundamenta­l nos destinos de Portugal.

O reconhecim­ento devido obriga a começar por aqui. Fernando Santos. O treinador que devolveu um sentido de justiça às escolhas para a seleção. Que passou a premiar o mérito e o momento, abriu portas a regressos e a renovações, numa seleção que deixou de ser uma família fechada com lugares cativos à mesa na refeição de domingo, como parecia ter- se tornado no consulado de Paulo Bento. Ou pelo menos limitou esses lugares ao mínimo indispensá­vel ( o centro da defesa já merecia ter uma alternativ­a à altura para Bruno Alves, mas a verdade é que não abundam centrais de qualidade).

Ontem, contra a Dinamarca, foi Ronaldo, cada vez mais convertido em referência central do ataque, quem deu o primeiro sinal de vida, em remate de meia distância aos 10’. Mas era o futebol simples dinamarquê­s que fazia a bola aparecer mais rápido junto à área de Rui Pa- trício, na fase inicial da partida, do que perto da de Schmeichel ( Kasper, o filho do lendário Peter que passou pelo Sporting).

Portugal entregava- se ao futebol seguro, mesmo que por vezes não formoso, a que nos habituou já nesta era de Fernando Santos. Uma posse de bola tranquila mas insistente, de triangulaç­ões simples, bola de pé para pé, sem perder a compostura nem sem se expor a riscos desnecessá­rios. Faltou mais vertigem na primeira parte, capacidade para esticar o jogo no relvado, espírito para surpreende­r e abanar o guião.

Talvez por um meio- campo onde Danilo era monstruoso na recuperaçã­o defensiva e Tiago um pêndulo de equilíbrio posicional, mas a bússola criativa estava entregue apenas a Moutinho, que começou num raio de ação mais limitado do que o habitual antes de crescer e agarrar o meio- campo todo para si, em mais uma grande exibição. Ou talvez apenas porque a realidade assim o aconselhav­a.

O risco, reconheça- se, cabia à Dinamarca. A responsabi­lidade maior estava nas mãos de Morten Olsen, essa figura lendária na história do futebol dinamarquê­s, parte da célebre danish dynamite que maravilhou os estádios nos anos 1980, mas que nunca conseguiu recolher, como selecionad­or, um conjunto de talentos semelhante. Ainda assim construiu um registo respeitáve­l ao longo destes 15 anos que fazem dele o selecionad­or europeu há mais tempo no cargo e obrigou até Portugal a dois playoffs consecutiv­os ( Mundial 2010 e Euro 2012). Agora, quer despedirse no Euro 2016.

Para já, ficou à mercê da Albânia, após a derrota de ontem em Braga, num jogo em que a Dinamarca foi uma equipa de planos básicos, com jogo direto em busca dos homens da frente, em especial Bendtner, esse fantasma de jogador talentoso com especial apetência para atormentar a seleção portuguesa ( ninguém marcou mais golos a Portugal do que ele: 6).

Foi um estouro de Bendtner contra o poste esquerdo de Patrício, no início da segunda metade, a servir de despertado­r para Portugal. Que arrancou então o seu melhor período, com 15 minutos de futebol mais determinad­o que fez a bola rondar a área de Kasper, que evocou memórias do pai aos 58’, negando o golo a Ronaldo e Tiago no mesmo lance. Mas o golo português chegaria pouco depois. Moutinho, após um canto, tirou dois do caminho com uma simples finta e rematou colocado para as redes, à entrada da área.

Só então, com o risco todo a seu cargo, a Dinamarca soltou as rédeas do ataque. E coube a Rui Patrício, no último minuto, assegurar com luva de ouro, a cabeceamen­to de Agger, a vitória de Portugal, que continua sem falhar uma grande competição futebolíst­ica deste milénio.

PORTUGAL

DINAMARCA

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Ronaldo e João Moutinho, autor do golo, festejam a qualificaç­ão
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