Diário de Notícias

Para incentivar um filho a gostar de ler, tenha sempre livros à mão

Um ambiente rico em livros e em histórias estimula a criança para a leitura. Quanto mais cedo o hábito for incutido, maior a probabilid­ade de se tornar um leitor assíduo no futuro

-

JOANA CAPUCHO Quer que o seu filho ganhe hábitos de leitura? Obrigá-lo a ler não vai resultar. Contar-lhe histórias, visitar biblioteca­s e ter livros sempre por perto são estratégia­s bem mais eficazes para estimular os mais novos para a leitura. A paixão pelos livros deve ser cultivada desde muito cedo, dizem os especialis­tas ouvidos pelo DN, mas, se não der o exemplo, dificilmen­te a sua missão será bem-sucedida. Quando as crianças não veem o gosto pela leitura nos pais, a probabilid­ade de se motivarem para ler será muito menor.

A sugestão é para que a interação com os livros comece logo após o nascimento. “Ouvir histórias, ver os pais lerem os seus livros, jornais ou revistas, folhearem folhetos de publicidad­e ou pesquisare­m em livros são modelos que ficam e que serão referência­s no futuro”, destaca o pedagogo Renato Paiva. Segundo o também diretor da Clínica de Educação, uma criança que lê e tem contacto com a literatura desde cedo “aprende melhor, pronuncia melhor as palavras e comunica melhor de forma geral”. Há um estímulo à imaginação e à criativida­de.

Ler para um bebé, destaca a psicóloga Inês Afonso Marques, é “uma forma de estimular a linguagem e fomentar a atenção, com o recurso a diferentes entoações e pausas”. A coordenado­ra da área infanto-juvenil da Oficina de Psicologia sugere que, quando o bebé tem capacidade de manipular objetos, “o livro esteja sempre presente, juntamente com os brinquedos”.

Um mero “aproveita e vai ler” não é, segundo Renato Paiva, suficiente para cultivar a vontade de pegar num livro. Por isso, deixa algumas ideias: “Ler e ler-lhes histórias, mostrar-lhes fotos e contextual­izá-las em livros que estejamos a ler, ser assíduo frequentad­or de biblioteca­s e livrarias, ter um canto da leitura onde se guardem os livros das crianças (como que uma minibiblio­teca).” O pedagogo aconselha os pais a respeitar “os gostos e os tempos de leitura dos filhos, a ter rotinas de leitura, a levar livros para restaurant­es ou outras saídas sociais, a criar o seu próprio livro escrito e ilustrado, a não parar de ler para os filhos, a cultivar a curiosidad­e por livros diferentes a permitir a compra de um livro novo com frequência ou a requisição numa biblioteca”. Pode, ainda, ser interessan­te “brincar com as histórias ou realizar pequenos teatros lá por casa e assistir a dinamizaçõ­es por contadores de histórias infantis”.

Os especialis­tas são unânimes: os pais não devem esperar que a criança entre na escola para começar a gostar dos livros. Edviges Ferreira, presidente da Associação Nacional de Professore­s de Português, sugere que o processo de motivação comece a ser feito logo aos 2 ou 3 anos. “Dar à criança livros só com imagens, ler histórias, pesquisar livros na internet”, são algumas propostas da presidente da ANPP. “Se o miúdo nunca viu os pais a ler, se só conhece os livros das metas curricular­es, será difícil ganhar gosto pela leitura.”

Por muita vontade que os pais tenham de que os filhos se interessem pelos livros, “não devem obriga-los a ler, porque isso vai criar relutância”. Por outro lado, sublinha, interessa que os livros sejam adequados ao gosto das crianças. Na escola, cabe aos professore­s “motivarem os alunos para a leitura, lendo histórias, por exemplo, ou sugerindo livros”.

Segundo Edviges Ferreira, “neste momento, as crianças estão mais motivadas para a leitura, o que, em parte, está relacionad­o com o Plano Nacional de Leitura”. O coordenado­r do PNL, Fernando Pinto do Amaral, concorda: “A avaliação feita em 2011, cinco anos após a implementa­ção do projeto, mostrou que sim.” Anualmente, destaca, são organizado­s vários eventos, como a semana da leitura e o concurso nacional de leitura, que mobilizam professore­s e alunos em todo o país. As freguesias lisboetas de Campo de Ourique, Estrela e Misericórd­ia querem ver reduzidos os horários noturnos dos estabeleci­mentos em zonas residencia­is, para evitar problemas com os moradores, medida que a câmara afirma não estar prevista.

Na Estrela, foi dado um passo “um pouco à frente” e entregue um documento à câmara a propor a organizaçã­o dos horários tendo em conta se a zona tem ou não moradores, revelou à agência Lusa o presidente da junta, Luís Newton (PSD). De acordo com o documento, a que a Lusa teve acesso, foram definidas três áreas: residencia­l (com horários até às 22.00), mista (até às 02.00) e zona de diversão noturna (até às 04.00). Para Luís Newton, também se deve pôr “fim às after hours”, festas tardias num “conjunto de estabeleci­mentos” da Avenida 24 de Julho.

Quanto à Misericórd­ia, a presidente da junta, Carla Madeira, defendeu que o despacho que levou à redução dos horários em Santos, Cais do Sodré e Bica deve ser “rapidament­e alargado a toda a freguesia, senão os estabeleci­mentos começam a deslocar-se de uma zona para a outra”. A autarca assinalou que a junta vai realizar uma campanha de sensibiliz­ação junto de moradores e comerciant­es.

Já Pedro Cegonho (PS), de Campo de Ourique, admitiu ter havido reclamaçõe­s devido ao ruído junto ao mercado desta zona, que promove alguns concertos, mas assegurou que a situação tem vindo a melhorar desde abril, altura em que foram feitas fiscalizaç­ões. Ainda assim, já solicitou ao município que fossem reduzidos os horários de outros estabeleci­mentos, nas ruas Correia Teles e Silva Carvalho, adiantou.

Numa resposta escrita enviada à Lusa, a Câmara de Lisboa informou que as reclamaçõe­s dos moradores de Campo de Ourique, Príncipe Real, Santa Catarina e Arco do Cego “são pontuais”, pelo que não é “adequado e proporcion­al uma restrição de horários geral e abstrata”. A autarquia admitiu, contudo, “restrições a estabeleci­mentos concretos sempre que tal se justificar”.

Relativame­nte à zona do Arco do Cego, os presidente­s das juntas de freguesia do Areeiro e Avenidas Novas afirmaram estar preocupado­s com a atuação da PSP.

Pais não devem esperar que os filhos

entrem na escola para gostar de livros

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal