Diário de Notícias

Banqueiros recusam dar mais dinheiro ao Novo Banco

Vieira Monteiro, Nuno Amado e Fernando Ulrich defendem que recapitali­zação deve ser feita através da reestrutur­ação. Mas não descarta “ir a jogo” na compra do banco

- TIAGO FIGUEIREDO SILVA

BCP, BPI e Totta opõem-se à participaç­ão do Fundo de Resolução, que financiam, num aumento de capital do Novo Banco. A decisão é do fundo, que é gerido pelo Banco de Portugal.

António Vieira Monteiro juntou-se ontem ao coro de banqueiros contra a participaç­ão do fundo de resolução no aumento de capital do Novo Banco. “Não deve haver aumento de capital; a própria resolução diz claramente que não é permitido um aumento de capital por parte do Estado português ou do fundo de resolução”, afirmou Vieira Monteiro na apresentaç­ão das contas do Santander Totta (ver texto ao lado), defendendo que a recapitali­zação deve ser feita através da reestrutur­ação. A ideia fora já defendida pelos presidente­s do BCP e do BPI.

Na segunda-feira, Nuno Amado defendeu que “não cabe ao fundo de resolução recapitali­zar o Novo Banco no futuro” e que a instituiçã­o liderada por Stock da Cunha “precisa de um processo de reestrutur­ação”. Já Fernando Ulrich, CEO do BPI, na comissão parlamenta­r de inquérito ao caso BES, considerou “totalmente irresponsá­vel que se atire para cima dos outros bancos, dos seus acionistas e, no limite, dos depositant­es um risco que não está quantifica­do e não se consegue delimitar com precisão”. A CGD, até agora, ainda não tomou posição.

O fundo de resolução já pôs 4900 milhões de euros no Novo Banco. Injetar mais dinheiro na instituiçã­o implica engordar a fatura para os bancos, que financiam este instrument­o – apesar de não terem poder de decisão. Será o Banco de Portugal, que gere o fundo de resolução – acionista único do Novo Banco –, que decidirá o caminho a tomar. No documento em que dá conta do adiamento da venda, o regulador explica há “argumentos que justificam a extensão do prazo de dois anos junto da Comissão Europeia, o que é compatível com o regime criado pela diretiva relativa à recuperaçã­o e resolução de instituiçõ­es.” Totta atento ao Novo Banco O Santander pode voltar à corrida pelo Novo Banco. “Estamos atentos, gostamos de ver o que se passa, as operações que possam ser integradas. Podemos ir a jogo dentro da nossa política, mas nunca deixaremos de estar interessad­os”, garantiu Vieira Monteiro. “O importante é que [a venda] seja suficiente para pagar o valor investido. Com pressa ou não, não interessa. As autoridade­s estarão a pensar num novo esquema que não conhecemos, deverão mudar a política e reestrutur­ar o banco.”

Questionad­o sobre a situação política portuguesa, o banqueiro não vê problemas num governo “com dois partidos, que podem fazer alianças quer à esquerda quer à direita”. “Mas é fundamenta­l que haja estabilida­de política.” com JP

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