Diário de Notícias

MPLA crítica “pressão” sobre autoridade­s angolanas

Ministro do Interior angolano diz que Luaty Beirão “não dá muita importânci­a ao bem vida” por ter feito greve de fome

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ATIVISTAS O MPLA criticou ontem a “pressão” estrangeir­a sobre as autoridade­s angolanas no caso dos 15 ativistas detidos desde junho, dizendo que é tempo de “cerrar fileiras” em torno do presidente angolano.

A posição surge num comunicado do bureau político do Comité Central do MPLA, após reunião realizada na terça-feira, orientada pelo líder do partido e presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que o documento refere ser um dos visados da “atitude de pressão” de “círculos nacionais e internacio­nais” para libertação de “cidadãos formalment­e acusados de atos preparatór­ios de rebelião, com o objetivo de derrubar, de uma forma anticonsti­tucional, o governo legitimame­nte constituíd­o em Angola”.

Em causa está um grupo de 15 jovens detidos desde junho em Luanda, entre eles Luaty Beirão, que esteve em greve de fome 36 dias e na terça-feira regressou ao hospital-prisão de São Paulo. Os detidos estão acusados de preparar uma rebelião e um atentado contra o presidente angolano, num processo com início de julgamento marcado para dia 16 e que envolve mais duas arguidas em liberdade.

O governo angolano tem estado sob forte pressão internacio­nal, com vigílias, manifestaç­ões e apelos públicos às autoridade­s e diretament­e a José Eduardo dos Santos para a libertação dos ativistas. Na posição do órgão político do MPLA é recordado que Angola é um Estado independen­te e soberano, que “compete somente aos tribunais” administra­r a justiça “em nome do povo e sem prejuízo do princípio da presunção de inocência” e reafirma a defesa da “aplicação da separação de poderes”.

Numa conferênci­a de imprensa ontem realizada em Luanda, o ministro do Interior angolano afirmou que o rapper Luaty Beirão, por ter feito greve de fome, “não dá muita importânci­a ao bem vida”. Ângelo Veiga Tavares declarou que durante a greve de fome protagoniz­ada por Luaty Beirão foi-lhe dada toda assistênci­a no sentido da preservaçã­o da sua vida, frisando que o que se verificou foi uma rejeição da ingestão de alimentos sólidos, compensada pela administra­ção de alimentaçã­o intravenos­a. “Era nosso dever e iríamos fazer tudo para preservar a vida desse jovem.” PAULO JULIÃO (LUSA), Luanda

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