Diário de Notícias

O Papa de que o Vaticano não gosta

- Via Cruci Avarizia

No dia seguinte a ter sido eleito, o Papa Francisco foi à Igreja de Santa Maria Maggiore rezar à Madonna que protege Roma. Ateu e gostando dos homens, eu estava lá e vi que o Papa andava como uma pessoa comum. Desde João XXIII vi todos os papas e admiti que o Papa Francisco talvez fosse insólito. Ele foi viver para a Casa de Santa Marta, albergue modesto no interior da Cidade doVaticano quando se recebem os cardeais na eleição do novo pontífice e se quer mostrar hábitos simples. Dois anos e meio depois, ele continua a morar lá. Da janela do seu aposento de 50 m2, o Papa Francisco viu as obras no apartament­o do cardeal Tarcisio Bertone, que ele destituiu de secretário de Estado do Vaticano seis meses depois de chegar. O apartament­o de Bertone tem 500 m2, sem contar a varanda. Nesta semana foram lançados dois livros,

(Avareza) e (O Caminho da Cruz), de Emiliano Fittipaldi e Gianluigi Nuzzi, jornalista­s italianos especializ­ados nos segredos da Santa Sé. Eles revelam como a pequena equipa de padres e leigos que o Papa Francisco trouxe para pôr na ordem as contas doVaticano embarrou nas reticência­s da cúria romana, defensora das suas prerrogati­vas. A máquina viciada nem resiste, esconde-se. A Igreja tem 5000 prédios em Roma e de muitos nada se sabe. Há apartament­os no centro histórico alugados a amigos por rendas de 29 euros. A última vez que vi o homem comum ele estava cansado. Fé nunca tive, mas tinha esperança.

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