QUE É QUE ELES PENSAM e não dizem?
A nova peça de Filipa Francisco e Companhia Maior em cena de 12 a 15 novembro no Pequeno Auditório do CCB
Perante um manifesto claro do sentido de responsabilidade e desejo pelo bem-estar da família, que uma pessoa mais velha carrega; perante a consciência clara de um presente conflituoso, no país e no mundo, que tem de se enfrentar ano após ano; perante a constatação de que as dúvidas crescem com a vida e que é assim que cresce a sabedoria, Filipa Francisco propôs às mulheres e homens da Companhia Maior trabalharem sobre a força como palavra-chave para um espetáculo construído em conjunto.
Prosseguindo um processo criativo de procura e experimentação contínua dos efeitos desse estímulo – um método que a coreógrafa desenvolve há muito e que não é raro na dança contemporânea -, todos enfrentaram a fragilidade da indefinição e das incertezas, que tem dias que enfraquecem e desmotivam; assim chegaram a uma composição coerente e original, que é esta nova obra da Companhia Maior.
Neste coletivo emerge, com subtileza, uma crítica firme à sociedade de consumo e é legível a tormenta real de quem nela não detenha poder financeiro.
Na Companhia Maior, a artista encontrou exemplos surpreendentes e inspiradores da força de vontade que mostram, também aos mais novos, como o empenho, a aceitação e a cumplicidade nos levam longe. Nesta peça, a coreógrafa elogia a força latente de corpos que julgamos frágeis e dá voz a pessoas que querem falar do que está a acontecer ao mundo.
Também faz parte desta Força uma orquestra. António-Pedro, colaborador cúmplice de longa data, desafiou alguns elementos da companhia a resolverem artisticamente a sua revolta. Essa parte do grupo construiu a dimensão sonora do manifesto e tem em mãos, como diz o compositor, um exercício de democracia: fazem juntos e assumem a liderança à vez, conforme é preciso e consoante as competências de cada um.
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