Diário de Notícias

Quando o calor aperta baixa o rendimento no trabalho

A ONU prevê que as alterações climáticas tenham um impacto forte na economia global, porque vão levar a uma diminuição do rendimento profission­al nos países mais pobres

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JOANA CAPUCHO Quando o calor aperta já se sabe que é preciso beber mais água e fazer refeições mais leves e com frequência. Além do mais, o calor aumenta a fraqueza muscular e o cansaço. Agora fica-se a saber que tudo isto afeta a velocidade do trabalho, que é menor, tal como o desempenho profission­al. O alerta foi feito pela ONU, que estima que a subida das temperatur­as provocada pelas alterações climáticas possa custar mais de 1800 milhões de euros à economia global até 2030, obrigando a reduzir o número de horas de trabalho com principal incidência em países que são alguns dos mais pobres do mundo.

De acordo com o estudo da ONU, há 43 nações que podem ser afetadas pela subida das temperatur­as, especialme­nte no continente asiático. China, Indonésia e Malásia são alguns dos países que vão sofrer quebras nas suas economias devido ao stress térmico, alertou nesta semana Tord Kjellstrom, diretor de saúde e meio ambiente da Health and Environmen­t Internatio­nal Trust. Citado pela Bloomberg, o especialis­ta prevê que haja uma redução de 1% no PIB da China e de 6% na Indonésia em 2030.

“Com o stress provocado pelo calor, não é possível manter a mesma intensidad­e de trabalho e a velocidade do trabalho será reduzida, obrigando a mais descanso nas indústrias intensivas”, explicou. Enquanto os “países ricos têm mais recursos financeiro­s para se adaptar às alterações climáticas”, os mais pobres vão sofrer mais. Em 2030, Kjellstrom prevê quebras de 408 mil milhões de euros na China e na Índia. Para reduzir o impacto do calor, seria necessário alterar os horários de trabalho e mudar a forma como as fábricas são construída­s, para haver menos gastos de energia na refrigeraç­ão.

Contactado pelo DN, Rui Nogueira, presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, diz que “é compreensí­vel que haja uma influência direta do calor sobre a saúde e o bem-estar das pessoas. Os doentes e os idosos são mais suscetívei­s, mas as pessoas sem doenças conhecidas também são atingidas”. A sensação que o calor provoca “limita a atividade, sobretudo quando as pessoas estão expostas”, e “pode até obrigar a adaptações de horários”.

Com temperatur­as muito elevadas, a produtivid­ade diminui, também devido a necessidad­es fisiológic­as. “É necessário ingerir mais

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