Obama recebe líder mexicano e saúda “parceiro essencial”
Na Casa Branca, Peña Nieto garantiu que o México vai trabalhar com o próximo presidente dos EUA seja ele quem for
Construir um muro na fronteira com o México para impedir os ilegais de entrar e obrigar o governo mexicano a pagar. Esta tem sido uma das ideias mais consistentes de Donald Trump. Ora um dia depois de o milionário ter aceitado a nomeação republicana para as presidenciais de novembro, o presidente americano, Barack Obama, fez questão de receber na Casa Branca o seu homólogo mexicano, Enrique Peña Nieto. E fez questão de recordar que o vizinho do Sul é um “parceiro essencial” para os EUA, seja em termos de segurança ou de clima.
“Somos vizinhos e somos amigos e somos família!”, exclamou Obama numa conferência conjunta com Peña Nieto. O presidente americano lamentou tanto a “retórica incendiária” em relação ao México como o bloqueio pelo Supremo Tribunal da sua proposta para resolver a situação dos 11 milhões de imigrantes ilegais a viver nos EUA.
Peña Nieto, por seu lado, mostrou-se muito diplomático, garantindo que seja quem for o próximo presidente dos EUA, irá “encontrar no México e no seu governo uma atitude construtiva”. Preferindo não se intrometer na campanha do vizinho do Norte, o chefe do Estado mexicano expressou o seu “profundo respeito pelo processo” e sublinhou que “cabe ao povo americano decidir se o próximo presidente será homem ou mulher”. Peña Nieto garantiu ainda que “o governo do México vai estar a observar com atenção”.
Este foi o segundo encontro entre os dois líderes nas últimas semanas. Ambos tinham estado com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, em Otava, numa cimeira do NAFTA, o Tratado NorteAmericano de Livre Comércio. O facto de Obama receber o homólogo mexicano um dia depois de terminar a convenção que confirmou Donald Trump como candidato republicano à Casa Branca “não é uma coincidência”, garantia à Bloomberg Christopher Sabatini, professor de História Americana na Universidade de Colúmbia. O académico lembrava ainda que há 30 milhões de americanos com origens mexicanas. E que o México ficou “profundamente ofendido” com a forma como Trump ofendeu o governo mexicano.
Obama, que deixa a presidência em janeiro, mostrou-se menos diplomático do que o seu homólogo mexicano. O presidente não hesitou em atacar Trump e o seu discurso do medo, garantindo que “a ideia de que a América está de alguma forma à beira do colapso – esta visão de violência e caos – não corresponde à experiência da maior parte das pessoas”. E acrescentou: “Não vamos tomar boas decisões com base no medo e sem terem qualquer base na realidade.”
O chefe do Estado americano será um dos oradores na convenção democrata marcada para os dias 25 a 28 deste mês em Filadélfia, na Pensilvânia. Ontem, Obama relembrou que em novembro caberá ao povo americano julgar Hillary e Trump e escolher qual dos dois querem ver na Casa Branca. H.T.