VALÉRIO ROMÃO OPTA PELA POESIA
“Vou levar o mais recente livro do Miguel Cardoso, o Víveres. O Miguel é um dos nossos mais talentosos poetas e neste livro arrisca falar de um tema provavelmente mais reivindicado pela prosa e pelo ensaio: a crise e os seus múltiplos efeitos na nossa vida. É um tema particularmente difícil de ser tratado pela poesia – pode-se facilmente ser sério demais, não ter seriedade suficiente, pode-se facilmente falhar com espalhafato –, pelo que tenho imensa curiosidade em ver como o Miguel o desformalizou em verso.” É esta a justificação para uma primeira escolha. Segue-se outra: “Vou igualmente levar o Auto-Retratos, do Paulo José Miranda. É um poeta de uma sensibilidade e de uma – aparente – simplicidade extraordinárias. É uma espécie de declinação dos Exercícios de Humano, em cujo tratamento da realidade é mais pragmático e rente ao chão. É desse chão que Paulo faz zoom out para revelar os traços do humano que somos.”