Um autor caracterizado pelo senso da perseguição
Graham Greene é um clássico que deve ser revisitado sempre que possível. A editora D. Quixote reedita agora uma das suas obras mais curiosas, com o grande benefício de ter logo de entrada um prefácio do próprio tradutor, Jorge de Sena. Quando se vê a data desta introdução, 1953, pode pensar-se que está ultrapassado, mas não. Sena tem o benefício de ter uma aproximação muito especial com o autor e, por isso, escreve nesse prefácio: “Os romances e os contos de Greene são como este romance, de ação. Já foi até dito serem obras mais do que de ação, de perseguição, dado que um dos seus temas principais é o do homem que persegue ou é perseguido por outrem.” Mais à frente refere-se ao universo de Kafka para fazer comparações: “A perseguição é abstrata, extraída de interesses demasiado concretos e evidentes. Quanto aos métodos e figuras, como quem denunciou o aspeto monstruoso que, no mundo de hoje, ia tomando esse carácter natural do homem e do universo.” Só a introdução abre o apetite para ler O Fim da Aventura, um romance de um eterno candidato ao Nobel, que entusiasmou multidões de leitores apesar de nunca o ter recebido.