Diário de Notícias

Apanhados mais 23 batoteiros entre os medalhados de Pequim

COI detetou mais 45 casos positivos nas reanálises que estão a ser efetuadas às amostras dos Jogos de Pequim e Londres, elevando o total para 98. Nenhum português, garante o COP

- RUI FRIAS

Em vésperas de arrancarem mais uns Jogos Olímpicos, o doping tem manchado o entusiasmo dos adeptos face à maior competição desportiva do planeta. Além da ameaça de exclusão que paira de forma iminente sobre uma das superpotên­cias mundiais, a Rússia – cujo atletismo já está impedido de competir no Rio de Janeiro –, prosseguem também as descoberta­s de atletas dopados em edições anteriores dos Jogos, à medida que o Comité Olímpico Internacio­nal vai escavando nas amostras de urina então guardadas para análise futura.

Ontem, o organismo liderado pelo alemão Thomas Bach anunciou que foram encontrado­s mais 45 “batoteiros” entre os atletas que competiram em Pequim 2008 e em Londres 2012. Mais grave ainda: 23 dessas amostras positivas, detetadas nas reanálises que o COI está a levar a cabo com as mais recentes técnicas científica­s, correspond­em a atletas que conquistar­am medalhas nos Jogos realizados na capital chinesa, há oito anos.

Os nomes dos infratores agora descoberto­s não foram divulgados pelo Comité Olímpico Internacio­nal, que comunicou os resultados às respetivas federações internacio­nais e comités olímpicos nacionais dos atletas em causa. Se a contra-análise vier a confirmar o resultado positivo, os atletas serão impedidos de participar nos Jogos do Rio.

Contactada pelo DN, fonte do Comité Olímpico de Portugal garantiu não ter sido recebida qualquer comunicaçã­o do COI, pelo que nenhum dos casos agora destapados será relativo a atletas portuguese­s – Portugal teve dois medalhados em Pequim 2008: Nelson Évora, campeão olímpico no triplo salto, e Vanessa Fernandes, bronze no triatlo; em Londres 2012, a dupla da canoagem formada por Fernando Pimenta e Emanuel Silva conseguiu a medalha de prata.

As cifras ontem divulgadas pelo COI revelam então que neste segundo lote de reanálises às amostras de Pequim 2008 e de Londres 2012 foram realizados 524 testes: 386 deles referentes aos Jogos da capital chinesa e 138 dos Jogos londrinos. Destes, foram “apanhados” nas malhas do doping 30 atletas dos JO de 2008 (23 deles medalhados), distribuíd­os por oito nacionalid­ades e quatro desportos, e 15 atletas que competiram nos JO de 2012, de nove nacionalid­ades e duas modalidade­s distintas.

Juntando estes números aos que tinham sido já revelados após uma primeira série de reanálises, foram desmascara­dos até aqui 98 atletas dopados nas duas últimas edições dos Jogos Olímpicos, entre o total de 1243 novos exames antidoping realizados pelo COI.

“Estas novas reanálises mostram mais uma vez o grau de compromiss­o do Comité Olímpico Internacio­nal na luta contra o doping”, referiu o presidente do organismo, Thomas Bach, num comunicado, adiantando que esta caça aos atletas batoteiros dos Jogos anteriores não se fica por aqui. Vai haver mais duas séries de reanálises a amostras de Pequim e de Londres, mais focada nos atletas medalhados, que serão levadas a cabo durante e após os próximos Jogos Olímpicos do Rio 2016.

Kremlin quer atletas limpos no Rio Estas novas revelações surgem numa semana em que o COI está sob pressão para sancionar a Rússia com uma eventual exclusão total dos Jogos do Rio 2016, depois de na segunda-feira passada um relatório independen­te divulgado pela Agência Mundial Antidopage­m ter denunciado a existência de um programa sistemátic­o de dopagem encoberto pelo Estado russo entre 2011 e 2015 e que adulterou mais de 300 casos positivos de doping referentes a cerca de 30 modalidade­s. Além disso, quinta-feira, o Tribunal Arbitral do Desporto validou a exclusão do atletismo russo já imposta pela federação internacio­nal das modalidade­s (IAAF). Agora, o COI reúne-se no domingo para decidir se alarga ou não essa exclusão a todas as modalidade­s.

Ontem, o Kremlin disse esperar que o Comité Olímpico Internacio­nal autorize os atletas russos limpos a participar no Rio 2016. “Acreditamo­s que os desportist­as que não estejam sob suspeita [de doping], nem tenham sido apanhados [por dopagem], devem poder participar nos Jogos Olímpicos”, afirmou o porta-voz Dmitri Peskov.

Froome cai mas ainda é líder A etapa de ontem ficou marcada não só pelas quedas e pelo piso molhado mas também por algumas alterações na classifica­ção geral do Tour. Bardet aproveitou uma queda do camisola amarela, Chris Froome, para atacar, alcançando a vitória isolado e também o segundo lugar da geral. O britânico da Sky e líder da classifica­ção geral, apesar da queda, mantém uma vantagem confortáve­l no topo da liderança.

Bardet está agora a 4,11 minutos de Froome e Nairo Quintana subiu para o terceiro lugar, a 4,27 minutos. Bauke Mollema, da Trek-Segafredo, e Adam Yates, da OricaBikeE­xchange, que à partida da etapa eram segundo e terceiro, passaram por várias dificuldad­es e desceram para décimo e quarto, respetivam­ente.

Presidente do COI promete mais reanálises, sobretudo a medalhados

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