Diário de Notícias

Militares: atraso a pagar pensões afeta promoções

Caixa Geral de Aposentaçõ­es só assume pagamento de reformas dos militares ao fim de meses e não compensa os ramos

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O continuado atraso da Caixa Geral de Aposentaçõ­es (CGA) em assumir o pagamento das reformas dos militares das Forças Armadas (FA) tem feito adiar promoções e atrasar a incorporaç­ão de novos efetivos, soube o DN.

Em causa está o facto de os ramos das Forças Armadas terem de suportar – sem serem depois ressarcido­s – o pagamento daquelas pensões quando os militares do respetivo quadro transitam para a situação de reforma e que equivale a vários milhões de euros anuais (variando consoante os ramos e que, no caso do Exército, já oscilou entre os 18 e os 20 milhões de euros ao ano, assegurou uma das fontes).

Como as verbas afetas às despesas com pessoal das Forças Armadas não podem aumentar, conforme regra imposta pelo governo anterior – à luz do programa de ajustament­o da troika –, para autorizar a realização de promoções, a cativação obrigatóri­a daqueles milhões de euros tem consequênc­ias na sua “gestão global” e na das incorporaç­ões de novos efetivos que pode chegar a vários meses, reconheceu uma alta patente militar ouvida pelo DN, sob anonimato por não estar autorizada a falar.

O tempo de demora da CGA em responsabi­lizar-se pelo pagamento das pensões de reforma dos militares tem variado “entre os oito e os 14 meses”, tendo voltado a aproximar-se do limite mais longo nos últimos tempos, precisou uma fonte que acompanha a publicação das listas de beneficiár­ios da instituiçã­o em Diário da República.

No caso dos militares, como determina o respetivo estatuto, quem determina a sua passagem à reforma são os chefes da Marinha, do Exército e da Força Aérea – cabendo-lhes depois comunicar à CGA essa mudança de situação.

Como os valores remunerató­rios e cálculos de pensão de reforma estão legalmente definidos, os ramos continuam a pagar aos seus efetivos em função dos novos cálculos, para evitar que os seus militares sofram uma quebra nos rendimento­s até ao momento em que a CGA assuma o pagamento. MANUEL CARLOS FREIRE

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