Em português todos cantamos... e dançamos
Os brasileiros Graveola foram os grandes vencedores da primeira noite do Festival Músicas do Mundo, em Porto Covo
“Que bonito, gente”, repetiu vezes sem fim ao longo do concerto o vocalista e guitarrista dos Graveola, Luiz Gabriel Lopes, visivelmente emocionado pelo conhecimento que o público revelou do trabalho da banda. Apesar de já não ser a primeira vez que atuam no Músicas do Mundo (foram aliás uns dos protagonistas da edição de 2010), é uma banda muito mais experiente e amadurecida a que na sexta-feira se apresentou no Largo Marquês de Pombal, na primeira noite de festival, para concluir em grande a digressão europeia.
“É sempre especial tocar em Portugal”, repetiria, também por mais do que uma vez, Luiz Gabriel. E percebe-se. Afinal, “depois de um mês a tocar para públicos estrangeiros”, sabe sempre bem atuar perante gente que não só entende as letras das canções do grupo como também as canta do princípio ao fim.
Conhecidos pelas suas fortes posições políticas e de contestação social, a banda brasileira dedicou o tema Índio Maracanã, o single do último disco Camaleão Borboleta, editado neste ano, “às povoações indígenas de todo o mundo”, arrancando um dos mais sonoros aplausos da noite. “Muito bonito, a galera cantando assim”, repetiria mais uma vez, antes de se despedirem com Maquinário, também entoado em coro por todos, seguido de um sonoro “fora Temer”, numa alusão à atual situação política no Brasil.
O concerto dos Graveola, a quem cabia encerrar a primeira noite, acabou por ser antecipado, devido ao extravio da bagagem de Juana Molina, que só subiu ao palco já passava da uma da madrugada. A cantora argentina demorou a pegar no público, mas conseguiu um espetáculo em crescendo, com o seu pop-rock alternativo feito de loops de voz e sons eletrónicos, a fazer lembrar nomes como Imogen Heap ou Saint Vicent, a colocar toda a gente a dançar. M.J.