O hacker de “aparência invulgar” voltou. E quer um Emmy
Segunda temporada de Mr. Robot estreia-se hoje no TV Séries. O protagonista, Rami Malek, explica ao DN o sucesso da trama
As pessoas estão fartas do mundo como ele é. A série pretende desafiar
a ideia de desespero
RAMI MALEK
PROTAGONISTA DE
MR. ROBOT
“Há poucos lugares em televisão para um homem com aparência invulgar”, constata Rami Malek. Talvez por isso, o ator norte-americano de ascendência egípcia nunca tenha verdadeiramente acreditado que poderia tornar-se protagonista de uma série. Pelo menos, até Mr. Robot aparecer. “Depois pensei que talvez tivesse hipótese com esse papel, tendo em conta o quão invulgar a personagem era.” Foi um tiro certeiro. Na pele do hacker Elliot, Malek convenceu a crítica e o público ao ponto de ser nomeado para o Globo de Ouro de Melhor Ator, em 2015, e de este ano merecer a mesma indicação na categoria de drama dos prémios Emmy.
Hoje, é dia de estreia da segunda temporada de Mr. Robot em Portugal. A partir das 23.00, o TV Séries começa a dar as respostas que os fãs tanto procuram desde o final da primeira temporada, quando o grupo de hackers da fsociety, da qual Elliot faz parte, atacou o sistema financeiro dos EUA, colocando em causa a sua economia.
“Esta é uma temporada que analisa a relação causa-efeito da tentativa de desencadear uma revolução desse género”, explica o ator de 35 anos, em declarações obtidas em exclusivo pelo DN. Para ele, o mais fascinante nesta história é que “cada personagem muda drasticamente”. “Por isso, antecipar o que aí vem é muito difícil. Mas eu sou um ator que gosta de correr riscos. Gosto de me atirar de cabeça.”
Sobre a sua personagem, que no primeiro dos 12 novos capítulos acorda apenas três dias depois do ataque, sem memória do mesmo, sabe-se ainda que passará os próximos tempos à mercê de Mr. Robot (Christian Slater), que o irá confrontar, interrogar e torturar com jogos mentais. “Isso vai ser devastador para ele”, refere Malek, sem querer revelar demasiado.
Mr.Robot venceu, no ano passado, o Globo de Ouro para Melhor Drama, tornando-se a mais bemsucedida trama do canal USA dos últimos anos. O que explica, então, este fenómeno de popularidade? “As pessoas estão fartas do mundo tal como ele é. Sempre existiram problemas, mas se os nossos governos não estão a fazer tudo aquilo que podem para os resolver, então talvez haja algo que nós possamos fazer. A série tem essa intenção de desafiar a ideia de desespero. E é bom ter um herói em que podemos investir e que tem defeitos trágicos como o Elliot”, responde Rami.
Ele lembra-se bem dos primeiros dias de gravações em Nova Iorque, meses antes de a primeira temporada chegar ao ecrã. Ninguém o conhecia. Ao verem-no vestido como Elliot, com o misterioso capuz na cabeça, as pessoas olhavam para ele “como um sem-abrigo”. “Agora é muito diferente. Há muito mais gente a gritar “Mr. Robot!” nas ruas. Mas uma história como a nossa, que coloca as personagens perante barreiras tão intransponíveis, faz sentido ganhar vida numa grande metrópole. Não há lugar melhor para filmar do que Nova Iorque. É uma cidade que empresta uma realidade dura, suja, que nos permite justapor o sentimento de prisão com o cenário de fundo da Estátua da Liberdade. Não se consegue isso em mais lado nenhum”, garante Malek.
Nos EUA, o arranque da segunda temporada – 13 de julho – atraiu 2,250 milhões de espectadores. E os críticos voltaram a render-se ao protagonista. A Variety diz que o “olhar cheio de alma de Malek” enche o ecrã, enquanto o The Hollywood Reporter elogia a “conceção perfeita” que coloca estes primeiros episódios entre “os mais visualmente notáveis da televisão”.
Depois de ter perdido o Globo de Ouro para Jon Hamm (Mad Men), Rami Malek procura agora conquistar a estatueta de Melhor Ator na cerimónia dos Emmy, onde terá pela frente nomes como Kevin Spacey (House of Cards) ou Liev Schreiber (Ray Donovan). Se conseguirá ou não, só o saberemos a 18 de setembro.